Para as gigantes do setor de insumos agrícolas, o futuro é digital. Cientes de que não bastava mais vender seus produtos químicos, elas investiram em plataformas que, com diferentes graus de complexidade, entregam ao produtor melhores condições de monitoramento de suas propriedades e, por consequência, de utilização mais racional dos pesticidas.
É nesse terreno que a química alemã Helm, empresa familiar fundada em 1900, pretende, mais uma vez, desafiar potências como as conterrâneas Bayer, Basf, a suíça Syngenta ou a americana Corteva.
Nos últimos anos, a companhia tornou a tecnologia uma de suas prioridades, com o objetivo declarado de otimizar e diminuir a utilização de defensivos pelos produtores. Criou uma plataforma própria, a SKYFLD, e até o fim deste mês deve incorporar uma startup israelense, a CropX.
Na semana passada, a Helm fechou a aquisição de uma posição majoritária na startup Plantix. A solução detecta, por meio de imagens, doenças nas plantas. “O aplicativo coleta 170 mil imagens por semana nos países onde atua, e tem um banco com 70 milhões de fotos”, explica André Salvador, gerente de soluções digitais agrícolas da Helm.
O principal atributo da plataforma é a utilização de imagens via satélite para determinar que áreas precisam de defensivos ou de outro tipo de tratamento. Com a chegada da CropX, adiciona a funcionalidade de medir a umidade do solo.
Segundo Salvador, o objetivo destas tecnologias é otimizar e baratear a produção agrícola. “Essas soluções vão baixar os custos da produção tradicional dos alimentos, oferecendo ao consumidor alimentos com qualidade mais próxima dos orgânicos”.
Enquanto avança no campo tecnológico, a Helm continua investindo nos defensivos agrícolas. A iniciativa mais recente é a parceria com a Unium Bioscience, com sede na Inglaterra.
A Helm fechou a distribuição dos produtos da Unium, especializada em biodefensivos e bioestimulantes, em quatro países, inclusive no Brasil. A parceria terá início em junho.
Segundo Fernando Lespiau, vice-presiente de vendas da Helm, a empresa busca olhar para soluções inovadoras nesse segmento. Ele afirma que os químicos ainda estão na frente dos biológicos, no que diz respeito a custo e eficiência para o produtor, o que pode mudar com eventuais medidas do governo brasileiro de estimular o uso dos defensivos de origem biológica.
“Não pensamos em desenvolver produtos somente pela oportunidade. O produtor quer o que funciona. Os biológicos são eficientes para problemas específicos e os químicos oferecem soluções mais abrangentes”, diz Lespiau.
O vice-presidente da Helm afirma que os preços dos defensivos estão caindo aos patamares pré-pandemia, depois de fortes altas provocadas pelas restrições na China por conta da pandemia de Covid-19.
“O faturamento do setor deve cair entre 30% e 40% neste ano, pois muitos países estão com estoques e comprando menos. Além disso, este é um mercado que segue de perto a cotação da soja, que também está caindo”, explica Lespiau.