Novas culturas, novos mercados e um sócio com visão de longo prazo. Esse é o momento da Gênica, startup especializada na produção de insumos biológicos, a partir desta quarta-feira, 26 de junho, como resultado de uma rodada de investimentos.
A empresa acaba de captar R$ 68 milhões em uma rodada do tipo Série C, que foi liderada pela Mitsubishi Corporation e teve participação da SP Ventures, que já havia investido na empresa em rodadas anteriores, e da Vox Capital, que é parceira do Banco do Brasil.
Ao AgFeed, o CEO da startup, Marcos Petean, afirmou que os recursos captados ajudarão a empresa a pensar em novos produtos e expandir a atuação pelo País.
“Esse tipo de rodada nos ajuda a manter investimentos em P&D que trarão frutos de longo e médio prazo. A ideia é acelerar o nosso acesso a mercados e culturas que ainda não acessamos”, disse.
Atualmente, o portfólio e as vendas da Gênica se concentram nas culturas de soja, milho e cana. Com o aporte, a ideia é entrar nos mercados do café, hortifruti e fortalecer a participação no algodão, que ainda é pequena.
Com isso, a Gênica vê boas oportunidades em estados do Nordeste e outros do Sudeste, como Minas Gerais e São Paulo. Em termos geográficos, a empresa possui atualmente uma grande presença no Centro-Oeste.
“O Brasil é muito grande e existe muito território para aumentar a capilaridade. O próprio Mato Grosso do Sul, que é o terceiro estado que mais adota biológicos, é uma região em que podemos aumentar nossa atuação”, conta.
Em 2023, a Gênica somou um faturamento de R$ 130 milhões, dobrando o resultado visto em 2022. Neste ano, a intenção é bater os R$ 230 milhões, 70% acima do visto no ano passado.
A empresa, criada há 9 anos em Piracicaba, tem como meta chegar aos R$ 500 milhões de faturamento ao final de sua primeira década de vida.
Dessa receita, 75% é originado da venda de biodefensivos. O restante se divide entre inoculantes (15%) e bioestimulantes (10%), que são feitos a partir de carbono orgânico.
A empresa também está de olho nas novas gerações de bioinsumos com o aporte recebido. Enquanto as duas primeiras gerações ou utilizam organismos sozinhos ou combinados, a terceira geração em diante foca em moléculas desses organismos, onde o que importa é o princípio ativo.
“Isso permite diferenciação de portfólio e também proteção intelectual. Vemos uma grande possibilidade de entrar no mercado de fungicidas com essa terceira geração. Nossos testes a campo são surpreendentes até o momento”, afirmou o CEO.
Antes dessa rodada, a empresa já havia captado R$ 50 milhões em equity e mais R$ 100 milhões em dívidas. Dentre outros investidores que já aportaram na empresa no passado estão a Nitro e a Mosaic.
Segundo o Marcos Petean, grande parte dessa dívida captada ao longo dos anos já foi paga. Com os novos aportes, ele estima que a alavancagem da empresa, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação), feche 2024 em menos de 1x.
Para Petean, a entrada da Mitsubishi no negócio traz uma visão estratégica para além do capital. Além de contar com um parceiro de um continente estratégico, a empresa japonesa terá também um assento no conselho da agtech.
“Como um bom conglomerado japonês, eles não tem preguiça em pensar grande e pensar em negócios de prazos a perder de vista. Ter um sócio asiático que está envolvido em investimentos que vão desde a produção de alimentos até a industrialização nos traz grandes contribuições para entender a dinâmica de produção global”, afirmou o CEO da Gênica.