Na indústria da carne, Pedro Bordon dispensa apresentações. Com mais de 40 anos atuando no setor de proteína animal, ele acumula passagens e experiência em cargos de destaque em marcas como JBS, Minerva e Swift. O próprio sobrenome Bordon é uma grife do setor, hoje parte do portfólio da JBS.
Desde meados deste ano, é dele a responsabilidade de liderar o Frigoestrela, tradicional frigorífico com sede em Estrela d'Oeste (SP), com meta, já para 2025, de crescer 20% e chegar aos R$ 5 bilhões em receita.
A receita de crescimento Frigoestrela, segundo revelou ao AgFeed, passa por investimentos na capacidade de processamento e industrialização das unidades já existentes e, como sua chegada reforça, pela profissionalização crescente da gestão. O foco é ampliar as exportações para uma fatia de até 70% de sua oferta de carne bovina e suína no próximo ano.
Esse crescimento foi gradual - em 2024 as exportações representavam de 50% a 55%, em 2025 estão em 60% a 65% - e está ligado ao aumento na oferta total nas plantas existentes.
Ele não revela valores, mas a unidade de Estrela d’Oeste foi ampliada e a capacidade diária de abate de 900 cabeças no ano passado passou para 1.300 e deve chegar a 1.500 animais. “Em todas as plantas nós estamos crescendo o nosso volume, não só de abate como de produção, de desossa e de processamento”.
Segundo ele, o investimento no mercado externo começa com a originação de um animal especificamente para exportação e “logicamente, vem o crescimento da nossa estratégia comercial, com a nossa equipe voltada mais para outros e novos mercados”, afirmou Bordon.
Apesar de a China ser o principal destino das exportações, pulverizar a clientela é fundamental e estratégico para a companhia. “China é e seguirá como principal destino, mas a diversificação é necessária. Sudeste Asiático, com mercados onde a renda cresce e a carne bovina ainda é pouco consumida, deve crescer em duas décadas”, afirmou.
Europa, Oriente Médio, América do Sul, América Central e principalmente o México são outros grandes mercados, de acordo com Bordon, e o esforço sanitário feito pela cadeia e o governo colaboram para o crescimento das vendas externas.
“Ser nação livre sem vacinação é premiação para o trabalho da cadeia como um todo e o futuro da pecuária é muito bom, positivo e rentável.
Mesmo com redução na fatia do destino de processamento e oferta, o mercado brasileiro segue estratégico para o Frigoestrela, nas palavras do CEO. Um nicho a ser explorado internamente, na avaliação dele, é o mercado gourmet de carnes nobres, de menor volume e maior valor agregado.
“Nós vamos crescer nas duas frentes, mas com um foco maior em exportação, porque realmente é um mercado demandante mundial e nossa prioridade”, disse. “O mercado interno passa por um momento mais difícil em termos de poder de consumo, mas segue estratégico”, completou Bordon.
Para chegar aos R$ 5 bilhões em 2025, a companhia se apoia nas exportações e nos investimentos na estrutura orgânica feitos recentemente e que vão continuar, de acordo com o executivo.
Bordon admitiu que o Frigoestrela tem também um plano de crescimento inorgânico e a estratégia passa pela aquisição de novas plantas, mas “nada ainda no nosso pipeline”.
Além da unidade paulista, o Frigoestrela tem unidade de abate bovino em Rondonópolis (MT), ambas habilitadas para exportação. Para suínos, os abates são em Tupã (SP) e em São Luiz Gonzaga (RS).
As unidades do município gaúcho e de Estrela d’Oeste também industrializam as proteínas para o comércio no varejo com as marcas Estrela Alimentos, de carnes, Donna Estrela, Tchê e Refeição, de frios e embutidos.
“Estamos diversificando e investindo mais em produtos de valor agregado e usando todo o nosso know-how e experiência, principalmente no mercado interno, com marcas fortes. Mas, sem dúvida alguma, na exportação também é uma estratégia nossa poder investir nesses produtos de valor agregado”, afirmou Bordon.
Para garantir a oferta, a companhia segue as concorrentes maiores e mantém parcerias fidelizadas com os fornecedores de animais e na verticalização da cadeia, de olho no crescimento do mercado externo. O Frigoestrela mantém, por exemplo, um boitel com capacidade de recebimento de até 60 mil cabeças confinadas.
Resumo
- Frigoestrela mira receita de R$ 5 bilhões em 2025, com crescimento de 20% e expansão da capacidade de abate
- Empresa anunciou a chegada de Pedro Bordon, executivo com passagens por JBS, Minerva e Swift, como CEO
- Exportações devem chegar a 70% da produção, com foco na China, Sudeste Asiático, México e Europa