O Aqua Capital anunciou hoje a assinatura de um acordo vinculativo para a aquisição da Biotrop, uma das principais empresas brasileiras do setor de biológicos, pela Biobest, uma das líderes mundiais em biocontrole de pragas e doenças e polinização natural e com sede na Bélgica.

O anúncio foi feito em conjunto com o GIC (fundo soberano de Singapura) e o Grupo Biobest.

Em maio deste ano, o AgFeed mostrou que havia grande expectativa no mercado para saber quem ia “casar” com a Biotrop, na época uma "noiva” de R$ 2 bilhões. Foi mais que isso.

Pelo acordo, a Biobest vai adquirir 85% das ações da companhia com base em um valuation de R$ 2,8 bilhões (EUR 532 milhões) "em uma base totalmente diluída", segundo o comunicado. Os 15% restantes serão adquiridos pela Biobest após um período de transição de três anos.

A previsão é que o negócio seja concluído até o final do ano, já que está sujeito "a determinadas condições habituais previstas de fechamento".

O comunicado destaca que "a expectativa da Biotrop é alcançar um faturamento de R$ 679 milhões (EUR 128 milhões) em 2023".  A empresa vem se destacando entre as líderes no mercado brasileiro de produtos biológicos,  com um rápido crescimento, e é hoje controlada pelo Aqua Capital, gestora de private equity com sede em São Paulo e foco no agronegócio.

Dona da Agrogalaxy, a gestora Aqua Capital vem se destacando nos investimentos voltados ao agronegócio. Na metade de agosto fez sua primeira aquisição nos Estados Unidos, comprando o controle da rede de distribuição de insumos Novus Ag por US$ 65 milhões.

O texto diz ainda que a Biobest busca, nesta transação, ocupar uma posição importante na América do Sul e iniciar sua jornada de transformação de especialista em biocontrole e polinização na horticultura para um grande player em produtos biológicos na agricultura, abrangendo biocontrole, inoculantes, bioestimulantes e polinização em cultivos protegidos e a campo aberto.

Para financiar essa transação, a Biobest realizará um aumento de capital que será subscrito por alguns de seus acionistas atuais (Sofina, algumas famílias belgas e a própria administração) e ainda por novos acionistas (Tikehau Capital, M&G Investments, Unigrains, Sofiprotéol e várias famílias próximas ao seu acionista majoritário, Floridienne).

"Esse anúncio é um marco para a Biobest, sedimentado sobre uma bem-sucedida estratégia de fusões e aquisições e por um crescimento orgânico sustentável. O mercado brasileiro de controle biológico e outros produtos biológicos está estimado em mais de US$ 1 bilhão hoje. Com uma taxa de crescimento anual de 43%, e impulsionada por um ambiente regulatório favorável às necessidades de produtos dessa natureza, o Brasil supera o crescimento de qualquer outro mercado importante no mundo", afirma Jean-Marc Vandoorne, CEO da Biobest, no documento divulgado pelas empresas.

Sebastian Popik, fundador e líder do Aqua Capital, acrescenta: "A Biotrop é uma empresa única, líder de um mercado que impulsiona a mudança em direção ao uso de produtos biológicos na agricultura e com entrega de margens elevadas. Esses seis anos em que estivemos juntos à Biotrop foram uma jornada incrível. Fomos capazes de criar uma plataforma de rápido desenvolvimento, impulsionando a sustentabilidade na produção agrícola e também o retorno aos seus acionistas. No processo, nos juntamos a pessoas incríveis, liderados pelo CEO e cofundador Antonio Zem, e com uma instituição de classe mundial como o GIC. Para esse novo momento, a empresa não poderia ter encontrado um lar melhor do que a Biobest. Seu compromisso total com produtos biológicos, alcance global e cultura fantástica oferecem excelentes condições para manter o caminho de sucesso da Biotrop".

Antonio Zem, CEO da Biotrop, comenta: "Com o apoio do Aqua Capital e GIC, conseguimos implementar uma estratégia vencedora de produtos biológicos no Brasil e nos prepararmos para entrar em outros mercados. Estamos crescendo a um ritmo excepcional e, para aproveitar ao máximo as oportunidades de crescimento no mundo, esse foi o momento ideal para nos tornarmos parte de uma organização global. Houve muito interesse de importantes players globais do setor agrícola, mas escolhemos a Biobest pelo seu posicionamento como especialista em produtos biológicos, sua agilidade e seu comprovado histórico de integrações bem-sucedidas de empresas após a aquisição, aproveitando a iniciativa dos times de gestão locais”.

Para a Biobest, o Morgan Stanley & Co. International atuou como assessor financeiro em fusões e aquisições, a Berenberg como assessor de financiamento de capital, a Stocche Forbes/Jones Day como assessor legal, a E&Y como assessor financeiro e fiscal, e a McKinsey como assessor estratégico.

Já o Aqua Capital, teve o Itaú BBA como assessor em fusões e aquisições, e o Demarest como assessor legal.