Às vésperas do ano acabar, Erasmo Carlos Battistella, o CEO da Be8, a maior produtora de biodiesel do Brasil, continua surpreendendo o mercado com suas ousadias – característica constante em sua trajetória, desde seus primeiros postos de combustíveis em Colorado, pequena cidade de 3 mil habitantes no norte gaúcho.
Ele começou a acelerar no setor no início do século, quando os governos petistas investiram na ideia de botar de pé a indústria do biodiesel no Brasil, a partir da criação do Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel, em 2004.
No ano seguinte, criou uma das primeiras empresas produtoras de biocombustível do País, a BSBios, atual Be8. Em 2011, a Petrobras chegou a comprar uma fatia de sua empresa.
Bem depois, no fim de 2020, já em outro cenário político, com Jair Bolsonaro no poder e uma Petrobras mais contida em seus planos, Batistella comprou de volta a participação da estatal na empresa e, de lá pra cá, vem se consolidando como um dos grandes players no mercado de biocombustíveis.
Ao longo deste ano, começou a botar de pé sua usina de etanol produzido a partir de trigo e outras culturas de inverno em Passo Fundo, com uma ajuda do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que liberou um financiamento de R$ 729,7 milhões em março passado.
Há pouco mais de um mês, anunciou outra indústria de biodiesel, em Uberaba (MG) – a Be8 tem ainda unidades produtoras do biocombustível em Passo Fundo e em Marialva (PR).
Nesta quarta-feira, dia 27 de novembro, Battistella tornou público um novo empreendimento dentro da sua holding, a ECB Group: a Fazenda Compostela, uma área de 230 hectares em Passo Fundo, cidade-sede também da Be8.
O nome da fazenda é uma referência ao caminho de Santiago de Compostela, rota de peregrinação que, partindo de várias cidades europeias, é percorrido a pé por pessoas de todo mundo até a famosa catedral erguida na cidade espanhola. Em julho, foi a vez de Battistella completar o percurso.
Localizada às margens da BR-285, a propriedade receberá o cultivo de grãos como soja e milho, no verão, e trigo e triticale, no inverno. Também terá uma área de estudos de pesquisa para estudar possibilidades de inovação envolvendo os grãos e os cereais na produção de biodiesel e etanol.
"Nosso objetivo neste projeto é utilizar o que há de mais avançado em tecnologia, insumos, culturas e sistemas de manejo, que vão tornar esta fazenda um modelo de alta produtividade e de prática agrícola no Brasil”, afirmou Battistella em evento de lançamento da propriedade.
Além de servir para a pesquisa, a propriedade também será uma vitrine de adoção do biocombustível no campo.
A Be8 firmou uma parceria com a John Deere e a SLC Máquinas para que todo o maquinário seja abastecido com um biocombustível lançado pela companhia recentemente, o Be8 BeVant.
"Nós entendemos que o mundo precisa de várias alternativas e trabalhamos com diferentes combustíveis para atender as necessidades de diferentes clientes,” disse o vice-presidente de marketing e vendas da John Deere para a América Latina, Antonio Carrere, em nota.
A montadora já participa de um projeto semelhante junto com o grupo Amaggi, no Mato Grosso. A empresa da família Maggi tem um projeto de utilização de larga escala do biodiesel B100 em suas máquinas, caminhões e até barcaças para o transporte fluvial de grãos e fertilizantes.
Na área de máquinas, em parceria com a John Deere, fez da Fazenda Sete Lagoas, no município de Diamantino, a primeira do grupo a utilizar somente o biocombustível em toda sua frota.