Ninguém esperava muito dos resultados trimestrais anunciados pela fabricante de máquinas John Deere nesta quinta-feira, 15 de agosto.

Mas o que veio parece ter satisfeito os investidores – e as ações da companhia, negociadas em Nova York, chegaram a subir 6% no pregão matinal.

Entre números negativos de vendas e demissões, o que animou o mercado foi aquilo que não caiu: a previsão de um lucro líquido anual de cerca de US$ 7 bilhões.

O guidance divulgado pela Deere & Co., dona da marca, manteve o mesmo número do comunicado de três meses atrás e isso já foi visto como uma vitória em um momento em que os concorrentes AGCO e CNH fizeram cortes nas suas estimativas e a unanimidade entre os analistas é a de que a companhia líder do setor faria o mesmo.

Surpreendeu também o lucro do terceiro trimestre fiscal da companhia, que ficou em US$ 1,73 bilhão, cerca de 9% acima da previsão mediana dos analistas.

O resultado reflete uma queda de 42% em relação ao mesmo trimestre em 2023. As vendas no período foram de US$ 13,1 bilhões, um recuo de 17%, mas ainda assim o olhar positivo prevaleceu entre os investidores.

Isso porque, ao superar as expectativas (ainda que elas não fossem muito altas), a John Deere deu sinais de que as medidas que vêm sendo tomadas, como seguidas rodadas de demissões e de suspensão de atividades em unidades da empresa em vários países, inclusive no Brasil, tem surtido efeito nas contas da empresa.

“Embora essas decisões tenham sido difíceis, elas são vitais para nosso sucesso e competitividade contínuos”, disse o CEO da companhia, John May, em uma declaração nesta quinta-feira.

Ele afirmou que a economia anual com as demissões deve atingir a cifra de US$ 230 milhões, apesar de acarretarem um custo de cerca de US$ 150 milhões.

O guidance também mantém a previsão de queda nas vendas nos seus principais mercados: 15% na América do Norte e entre 15% e 20% na América do Sul.

Ainda assim, a John Deere disse acreditar que há espaço para uma alta de até 2% nos preços de suas máquinas agrícolas ainda no ano fiscal de 2024.

Em maio passado, essa perspectiva estava em 1,5%. Ou seja, o cenário está menos ruim e isso é música para Wall Street.