Em meio a um grande processo de reestruturação, a gigante trading de commodities ADM reportou números fracos na divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025 nesta terça-feira, dia 6 de maio.
Esse é o primeiro balanço após o CEO da companhia, Juan Luciano, ter apresentado, em fevereiro passado, um plano de redução de custos com a ideia de economizar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões em despesas nos próximos três a cinco anos. O projeto inclui a demissão de um número entre 600 a 700 funcionários ainda neste ano.
"Entramos em 2025 sabendo que precisamos permanecer ágeis para administrar as mudanças nas políticas comerciais e regulatórias ao redor do mundo, juntamente com os impactos relacionados na oferta e demanda geográficas", disse Luciano a analistas em uma teleconferência na ocasião.
Um passo inicial para cumprir o plano foi revelado há três semanas, quando a companhia decidiu fazer uma redução substancial de suas operações na China, encerrando operações internas de comercialização de commodities no país. Dezenas de funcionários que trabalhavam na base da companhia em Xangai foram demitidos.
Os primeiros números divulgados, no entanto, ainda indicam que há muito por fazer. A ADM teve um lucro líquido de US$ 295 milhões no primeiro trimestre, bem mais baixo que os US$ 729 milhões registrados no mesmo período de 2024, queda de 59%. O número é igual a um lucro por ação de US$ 0,60.
A receita total no primeiro trimestre deste ano foi de US$ 20,18 bilhões, também inferior aos US$ 21,84 bilhões registrados no início do ano passado.
O lucro operacional nos três primeiros meses de 2025 ficou em US$ 747 milhões, 38% menor que o US$ 1,196 bilhão registrado no começo de 2024.
A maior divisão da companhia, Ag Services & Oilseed, que engloba as áreas de originação e processamento de grãos, puxou os números para baixo, com uma queda de 52%, chegando a um lucro operacional de US$ 412 milhões, ante US$ 864 milhões no mesmo período do ano passado.
Dentro dessa divisão, as receitas com o esmagamento de soja caíram 85%, passando de US$ 313 milhões no primeiro trimestre de 2024 para US$ 47 milhões no mesmo período deste ano.
O resultado, segundo a companhia, foi impactado negativamente por margens menores pelo aumento da capacidade da indústria, exportações competitivas de farelo da Argentina, custos de fabricação mais altos e menor demanda por óleo vegetal devido à incerteza em relação aos biocombustíveis e à política comercial.
Também houve queda na divisão de carboidratos, que recuou 3%, passando a US$ 240 milhões. Em contrapartida, o lucro do setor de Nutrição subiu 13%, passando a US$ 95 milhões.
A companhia continua esperando que o lucro por ação neste ano fique em uma faixa entre US$ 4,00 a US$ 4,75, ainda que agora admita esperar que o resultado final fique mais próximo do piso.
“A ADM apresentou resultados alinhados com nossa perspectiva e as expectativas do mercado para o primeiro trimestre", afirmou Juan Luciano, CEO da ADM, em nota junta aos aos resultados.
"Em um ambiente externo desafiador e incerto, avançamos em diversos aspectos da nossa agenda de autossuficiência, incluindo a implementação de melhorias operacionais na América do Norte, a redução de custos por meio de realinhamentos operacionais e organizacionais direcionados, o avanço em nosso pipeline de oportunidades de simplificação de portfólio e a continuidade de nossa abordagem disciplinada à alocação de capital”, emendou.
Apesar dos resultados enfraquecidos, os investidores da Bolsa de Nova York parecem ter recebido bem os números. Às 11h (horário de Brasília) desta terça-feira, as ações estavam cotadas a US$ 49,01, alta de 3,22%.
Resumo
- Queda de 59% no lucro deveu-se a margens menores e demanda reduzida, especialmente no esmagamento de soja.
- A empresa passa por reestruturação, visando economizar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões em despesas nos próximos três a cinco anos
- Apesar dos resultados fracos, ações da ADM na Bolsa de Nova York começaram o dia com alta de mais de 3%