Um dos mais importantes grupos de produção agrícola do País, a Santa Colomba, que atua no sudoeste da Bahia, conseguiu encerrar 2023 com crescimento no faturamento e no Ebitda, apesar das dificuldades recentes no mercado de grãos, afetado por preços mais baixos e problemas climáticos.
Em comunicado apresentado nesta segunda-feira à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Santa Colomba informou ter alcançado uma receita R$ 474 milhões em 2023, um aumento de 7% em relação ao ano anterior quando tinha faturado R$ 444 milhões.
A companhia reportou que o Ebitda atingiu R$ 119 milhões, alta de 21% em relação a 2022. Já a dívida líquida subiu de R$ 397 milhões para R$ 533 milhões, o que elevou a relação dívida líquida/ebitda de 4,1x para 4,5x de um ano para outro.
Os melhores índices na receita e no ebitda, segundo a empresa, se devem ao aumento da área plantada, ganhos de produtividade e uso de ferramentas de gestão de risco.
“Alcançamos um avanço considerável em nossos resultados, impulsionados por uma sinergia entre a venda da Ipanema Coffees e a aceleração da expansão das operações na Bahia, bem como em função dos aprimoramentos na produtividade de três das quatro culturas”, avaliou a companhia, na nota divulgada ao mercado.
A Santa Colomba destacou que, “apesar dos obstáculos enfrentados, como a produção aquém do esperado em novas áreas de algodão e os impactos da seca na soja sequeiro”, foram adotadas “medidas estratégicas”, que ajudaram a empresa a seguir com seus planos de crescimento.
A empresa explicou que a venda de sua participação na Ipanema Coffes, uma das produtoras de cafés especiais mais relevantes do Brasil, foi fundamentada pela “ótica da alocação de capital e também estratégica, concretizando retornos significativos”.
No comunicado, a Santa Colomba ressalta que está encerrando o cultivo de café e dará prioridade ao negócio de sementes de soja e milho.
Entre seus parceiros estão a Boa Safra e a Syngenta Seeds, conforme informou o CEO Miguel Prado em entrevista exclusiva ao AgFeed, no ano passado. Na época, a Santa Colomba informou ter 15 mil hectares irrigados, com previsão de chegar a 80 mil hectares nos próximos anos.
Na demonstração de resultados, a Santa Colomba diz ainda que “há oportunidades de melhoria na cultura do algodão” e relata um aumento de 16% na produtividade das áreas de semente de milho, assim como um recorde no rendimento das lavouras de tabaco, que ficou 31% acima da média estabelecida pela Afubra (Associação dos Fumicultores do Brasil).
Na soja irrigada, a produtividade cresceu 9% comparado ao ano anterior, segundo a empresa, atingindo patamar recorde de 78 sacas/ha. Por outro lado, “o percentual de conversão para campos de semente de soja foi abaixo do esperado devido às chuvas no período da colheita”, informou a companhia.
Na soja sequeiro a produção ficou “aquém do orçado” em função de um veranico intenso em fevereiro e março de 2023. No algodão, as áreas consolidadas e mais antigas (cerca de 70%) houve um incremento de quase 8% na produtividade, mas nas áreas novas, por terem menor matéria orgânica e capacidade de retenção de umidade, o rendimento ficou abaixo do esperado.
“Este aprendizado consolidamos na empresa e já na safra 2023-2024 alteramos nossa estratégia de entrada da cultura do algodão para áreas mais maduras”, diz o documento.
Sobre o aumento do valor da dívida, a Santa Colomba ponderou que houve um atraso nos embarques de algodão, que acabou postergando “parcela significativa” da receita com a produção da pluma de 2023 para 2024, em função de problemas logísticos e demanda mais lenta. Este fato teria “mitigado os efeitos positivos” da venda da Ipanema Coffees no fluxo de caixa da empresa.
Por outro lado, a companhia destacou ter feito um alongamento de suas dívidas. O prazo médio subiu de 1,6 anos em 2022 para 2,3 anos em 2023.
A Santa Colomba informou ainda ter concluído nova avaliação de suas terras, agora estimadas em R$ 2,1 bilhões, alta de 16% em relação ao ano anterior. A empresa também destacou um aumento na área plantada de cacau, embora não tenha revelado qual a área cultivada atualmente.