Depois de uma década, a Jacto, maior fabricante nacional de máquinas agrícolas, tem um novo CEO. Na próxima segunda-feira, dia 9, Carlos Daniel Haushahn assume o cargo no lugar de Fernando Gonçalves Neto, que estava desde 2014 à frente da empresa.
Ao invés de sair em busca de nomes de mercado, a Jacto preferiu uma solução caseira na troca de comando.
Haushahn, o novo presidente executivo, está há 13 anos na empresa e passou por diferentes postos – foi gerente administrativo e diretor geral – até chegar à presidência executiva da Jacto Portáteis, no fim de 2020.
Há três décadas no mercado do agronegócio, com passagens por empresas gaúchas e catarinenses antes de chegar à Jacto, o CEO também acumula larga bagagem acadêmica.
Bacharel em administração pela Unijuí, fez mestrado em Gestão de Negócios na UFRGS, pós-graduação em Finanças na FGV e especialização em Gestão Global na Harvard Business School.
A troca no comando não representa, no entanto, o fim da longa passagem de Gonçalves Neto pela Jacto, onde está há 28 anos e passou por diferentes cargos até chegar ao topo da hierarquia, em 2014.
"Depois de um descanso, assumirei posição estratégica focada na expansão do Grupo Jacto onde pretendo continuar contribuindo para o crescimento e inovação, além de explorar novas possibilidades de impacto", escreveu o agora ex-CEO em uma postagem publicada em seu perfil pessoal na rede social LinkedIn.
Ao longo da gestão de Gonçalves, a Jacto experimentou um período de crescimento e investimentos – mesmo em um momento de turbulências no cenário macroeconômico do País.
O aporte mais recente ganhou forma em dezembro do ano passado quando a Jacto inaugurou uma nova planta industrial em Pompeia, a 500 quilômetros de São Paulo, onde está situada a sede da companhia.
Com 96 mil metros quadrados de área construída, a fábrica tem cerca de 80% de sua operação totalmente robotizada, segundo Gonçalves Neto.
"(Com a nova unidade), vamos multiplicar nossa capacidade de produção e poderemos atender melhor não apenas os nossos clientes locais, mas os de fora do país”, disse ele ao AgFeed à época.
A gestão de Gonçalves Neto e a mudança de comando para um novo líder que não pertence à família Nishimura, controladora da empresa, representa também a continuidade de um processo de profissionalização na gestão da Jacto que começou ainda nos anos 2000.
No fim de 2007, a empresa passou a ser liderada pela primeira vez por um CEO profissional, Martin Mundstock, que ficou no cargo até 2014.
Seguindo a cartilha do fundador
Tanto Gonçalves Neto quanto Haushahn, o novo CEO, citam frases do criador da Jacto – o imigrante japonês Shunji Nishimura, que morreu em 2010, aos 99 anos – em suas mensagens de saída e chegada.
Em sua mensagem final, Gonçalves Neto escreveu: "Como dizia nosso Fundador: "Ninguém cresce sozinho". Haushahn preferiu outra citação: “As coisas foram acontecendo, eu fui trabalhando.”
As referências indicam que a Jacto, hoje rival das gigantes do setor como John Deere, Massey Ferguson e New Holland e presente em todo o mundo, deve continuar seguindo a filosofia de Nishimura: investir sempre em inovação, pesquisa e desenvolvimento – e sem se endividar pelo caminho.
Essa foi a toada de Nishimura ao longo da vida. Imigrante japonês, ele chegou ao Brasil nos anos 1930 e foi um grande inovador de seu tempo.
A partir de uma oficina para consertos de equipamentos, ele desenvolveu a primeira polvilhadeira de defensivos nacional, em 1948, que foi a base da Jacto. Mais tarde, nos anos 1970, lançou a primeira colhedora de café do mundo.
Apesar de ter profissionalizado o comando, a família Nishimura continua no controle das seis empresas que compõem o Grupo Jacto, de capital fechado. Há cinco anos, a terceira geração chegou aos conselhos de administração das empresas e da holding do grupo.
No ano passado, o faturamento da Jacto (máquinas agrícolas) foi de R$ 3,2 bilhões e o lucro líquido da empresa foi de R$ 431 milhões, segundo balanço divulgado em abril.