As grandes usinas sucroalcooleiras brasileiras estão cada vez com olhos mais abertos para uma nova realidade que se traduz em oportunidade para buscar novas fontes de receita. E essa nova oportunidade tem nome: biometano.
Nesta segunda-feira, 30, a São Martinho anunciou um investimento de R$ 250 milhões na construção de uma unidade voltada somente para produção de biometano, no município de Américo Brasiliense, próximo a Araraquara, no interior de São Paulo.
Segundo a companhia, a nova usina será anexa à Unidade Santa Cruz e terá capacidade para produzir cerca de 15,6 milhões de metros cúbicos normais (Nm³) durante o período de moagem de cana, nos padrões determinados pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).
A São Martinho projeta o início das operações da nova unidade para o segundo semestre de 2025, com 40% da capacidade entregue na safra 25/26 e 100% a partir de 26/27.
O valor de R$ 250 milhões inclui investimentos no biodigestor, equipamentos de purificação e dessulfurização do biogás em biometano, além de compressão e distribuição.
Segundo o cronograma divulgado pela companhia, cerca de 30% dos desembolsos serão feitos na safra atual, 60% na safra 24/25 e o restante no período 25/26.
O principal insumo para produção do biometano será a vinhaça resultante da fabricação de etanol e açúcar da Unidade Santa Cruz, além de outros insumos gerados.
A obra será financiada pelo BNDES e pela Finep. Em reunião realizada nesta segunda, o conselho de administração da São Martinho aprovou a contratação de um financiamento de R$ 182 milhões junto à Finep, com prazo de até 12 anos.
O projeto da São Martinho se junta a outros que estão em andamento no Brasil para produção de biometano.
Segundo dados da Associação Brasileira de Biogás (Abiogás), o país produz hoje 400 mil metros cúbicos de biometano por dia.
Até o fim de 2025, a projeção da associação é atingir 2,3 milhões de m³ por dia, e até 2030, a produção diária deve saltar para 32 milhões de m³. O objetivo é que o biometano seja um substituto do diesel.
A Atvos, outra gigante do setor de açúcar e etanol, também vai começar a produzir biometano, como declarou recentemente Bruno Serapião, CEO da companhia, em entrevista exclusiva ao AgFeed.
Segundo o executivo, a Atvos vai utilizar as estruturas de suas oito usinas para produzir o combustível, com início dos testes em duas delas na safra 24/25.