Há duas semanas, o diretor presidente da Cosan, Marcelo Martins, deixou claro que havia uma “uma mudança de estratégia e clareza no movimento” da companhia “com redução gradual, constante, desejável no endividamento para chegar a zero”.

A estratégia passa por desinvestimentos e pela redução nas dívidas, com a emissão de novos títulos e a recompra dos emitidos no passado. Nesta quarta-feira, 12 de março, a Cosan deu mais um passo e informou ter iniciado um programa de aquisição de até R$ 2 bilhões em debêntures não conversíveis em ações emitidas em duas séries.

Segundo os comunicados, o conselho de administração aprovou a recompra facultativa da quinta e da sexta emissão de debêntures, um total de 2 milhões de papéis, até um valor de R$ 2 bilhões. A empresa informou que adquirirá um valor mínimo correspondente a 5% dos títulos de dívida emitidos em cada série.

Para as debêntures da quinta emissão será pago um prêmio máximo de 1,65% e para os da sexta emissão o prêmio será de 1,40%. As ofertas dos detentores de títulos serão feitas até 27 de março e o pagamento está previsto para 31 de março.

A intermediação financeira é do Itaú BBA e as debêntures adquiridas serão canceladas.

Com R$ 9,1 bilhões captados com a venda, em janeiro, de 4,05% em ações que tinha na Vale, a Cosan iniciou uma série de operações de recompra de dívidas no Brasil e no exterior. Ainda naquele mês foram três resgates antecipados de títulos.

O primeiro foi o programa de resgate antecipado e voluntário de R$ 850 milhões de um total de R$ 2 bilhões em debêntures emitidas em julho de 2021.

A operação foi seguida pela recompra antecipada de US$ 392 milhões em bonds com vencimento em janeiro de 2027 e de US$ 900 milhões de senior notes emitidas para vencimento entre 2029 e 2031.

Após sofrer com a alta nos juros e com pagamento de dividendos para subsidiárias, a Cosan reportou prejuízo líquido de R$ 9,297 bilhões no quarto trimestre de 2024, entre outubro de dezembro de 2024, ante lucro de R$ 2,362 bilhões obtido no mesmo período de 2023.

O resultado no quarto trimestre de 2024 trouxe impacto direto no resultado do ano, com prejuízo acumulado de R$ 9,424 bilhões, revertendo lucro de R$ 1,094 bilhão em 2023.

A dívida líquida da Cosan chegou a R$ 23,5 bilhões ao final do ano passado, ante R$ 22,9 bilhões no quarto e R$ 21,7 bilhões no terceiro trimestres de 2024.

Em conferência com analistas após os resultados, Marcelo Martins disse que é possível baixar “o máximo possível” o endividamento e “assumir compromisso de reduzir uns 30% nos próximos meses”, com a venda de um “pool de ativos que eventualmente vai nos permitir chegar nesse número”.

Na conferência, o executivo citou também que a companhia e sua principal subsidiária, Raízen, terão de diminuir de tamanho com venda de ativos e que buscarão parceiros para diminuir a alavancagem.