A Ferrari Agroindústria S/A encerrou o ano-safra 2024/2025, em 31 de março, com lucro líquido de R$ 209,4 milhões, mais do que o dobro do registrado no período anterior, de R$ 85,3 milhões.

De acordo com o balanço divulgado nesta terça-feira, 26 de agosto, o desempenho foi impulsionado pela alta da receita e pela maior participação nos lucros de empresas coligadas, como a São Luiz Bioenergia, em parceria com o Grupo Agromen.

As companhias das quais é sócia apresentaram resultado por equivalência patrimonial de R$ 124,5 milhões, frente a R$ 55,2 milhões em 2024.

A receita líquida da Ferrari Agroindústria somou R$ 1,02 bilhão, crescimento de 12,5% ante os R$ 909,5 milhões de 2023/2024. O lucro bruto avançou 54%, alcançando R$ 392,7 milhões, refletindo tanto a elevação da receita como a redução nos custos de produção, que caíram para R$ 630,1 milhões ante R$ 671 milhões no exercício anterior.

No entanto, a pressão veio do lado financeiro. O resultado líquido das despesas financeiras foi negativo em R$ 179,1 milhões, superior aos R$ 119,4 milhões do ano anterior, refletindo principalmente maiores encargos com empréstimos e perdas com instrumentos derivativos.

Neste mesmo dia, a companhia anunciou a emissão de R$ 150 milhões em debêntures, em duas séries, com vencimentos em 2032 e 2035. Os recursos serão aplicados na modernização da unidade industrial de produção de biocombustíveis, “por meio da recuperação, adequação, manutenção e modernização da planta” localizada em Pirassununga (SP), informou.

A usina tem capacidade de produção diária de 800 mil litros de etanol hidratado e 350 mil litros de anidro. Na ampliação e modernização da planta estão sendo investidos R$ 239,2 milhões entre 2022 e 2032.

As séries terão valor de R$ 1 mil cada debênture, com liquidação em 5 de setembro e encerramento em até 180 dias. O coordenador é o Banco Votorantim e a emissora é a Vórtx. A primeira série prevê pagamento de remuneração ao investidor a partir de março, a partir de 2026 até setembro até 2032, com amortização do passivo em 2031 e 2032.

A remuneração da segunda série vai também de março de 2026, mas termina em setembro de 2035, com amortização anual em quatro parcelas, de 2032 a 2035.

Além das debêntures, a administração propôs a distribuição de R$ 205,4 milhões em dividendos adicionais aos sócios em 2023/2024, mais que o dobro do montante de R$ 83,8 milhões aprovado no exercício anterior.

A Ferrari Agroindústria é proprietária da Usina Ferrari, no município do interior paulista, cuja capacidade de moagem é de 3,5 milhões de toneladas de cana por safra. A unidade produz 200 mil toneladas de açúcar, 130 milhões de litros de etanol por safra e 400 gigaWatt/hora de energia cogerada em parceria com a Engie.

A companhia paulista se tornou compradora de ativos na sua proximidade e se tornou sócia do Grupo Vale do Verdão em outras duas usinas: na joint-venture na São Luiz Bioenergia, também em Pirassununga, e na Usina Leme, no município homônimo paulista.

A São Luiz está distante apenas oito quilômetros da Ferrari, foi adquirida pela sociedade em maio de 2021 e tem capacidade de processar 3,2 milhões de toneladas de cana por safra.

A Usina de Leme pertencia à Raízen e foi adquirida pela Ferrari Agroindústria e o Grupo Vale do Verdão por cerca de R$ 425 milhões, em maio deste ano, e possui capacidade instalada de processamento de 1,8 milhão de toneladas por safra.

O cluster formado pelas três usinas tem um canavial próximo ao processmento, o que reduz custos de corte, carregamento e transporte.

Além das operações no setor sucroenergético, a Ferrari Agroindústria é proprietária de uma fazenda de 9.916 hectares em Canarana (MT), onde produz soja e milho.

Resumo

  • Ferrari Agroindústria lucra R$ 209,4 mi na safra 24/25, mais que o dobro do ano anterior, impulsionada por coligadas
  • Companhia emite R$ 150 mi em debêntures para modernizar planta de biocombustíveis em Pirassununga (SP)
  • Estratégia inclui expansão com aquisição de usinas e cluster que reduz custos logísticos no setor sucroenergético