Criada em 2020 para estruturar uma parceria entre a John Deere e a Claro, a startup Sol Internet of People começa a ganhar ritmo no trabalho de instalação de tecnologias nas áreas rurais que garantam maior conectividade no campo, com meta de chegar a 10% da área plantada nos próximos 12 meses.

Em entrevista ao AgFeed, o CEO da Sol, Rodrigo Oliveira, contou que atualmente a empresa conta com 4 milhões de hectares em processo de implantação de cobertura 3G/4G, em todo o território nacional.

Embora a parceria tenha sido fechada em dezembro de 2020, o executivo afirma que o primeiro ano foi destinado ao mapeamento das necessidades e que somente em 2022 o trabalho de instalação das torres começou a avançar.

A ideia é dobrar a área atual, chegando perto dos 8 milhões de hectares no ano que vem. Esse número, segundo o executivo, leva em consideração projetos que já estão em andamento. “2023 é o ano da escala”, afirmou Oliveira.

Ao atingir a meta, a empresa diz estar próxima de 10% da área plantada com grãos e oleaginosas que, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento já alcançou 77,5 milhões de hectares na safra 2022/2023 e deve seguir crescendo.

A Sol foi criada para trazer serviços de conectividade para produtores rurais em suas propriedades. Dentre os ingredientes da receita do negócio, a John Deere com seu canal e abrangência no setor percebeu uma necessidade de melhorar a tecnologia de acesso a internet, já que cada vez mais as máquinas conectadas podem oferecer melhores resultados.

Do outro lado, a Claro, gigante do ramo de telecomunicações, queria fazer parte desse universo agro e poderia oferecer a parte dos serviços de internet.

Nesse meio, a Sol veio para ser o agente que estrutura a operação, instala as torres e coloca o negócio para funcionar. Depois de feito o mapeamento, o CEO diz que as operações são pensadas caso a caso, para cada produtor.

Oliveira afirmou que o serviço mais buscado pelos produtores atualmente é o do manejo do maquinário. “É a nossa porta de entrada", afirma.

Segundo ele, o produtor busca melhorar a efetividade de seus veículos, para diminuir o chamado tempo ocioso, ou seja, quando a máquina não pode ser utilizada por alguma falha ou necessidade de reparo, e fazer o combustível render mais.

Além disso, os produtores também estão buscando racionalizar o uso de defensivos nas lavouras com a conectividade, bem como um sistema de comunicação entre o gestor da propriedade e o time que fica em campo.

“Nosso grande motor de receita é a conectividade, sendo o principal volume dos negócios que vão se acumulando. Junto da instalação, existe uma espécie de consultoria para que o cliente entenda os sistemas e os softwares”, comenta o CEO.

Depois desse momento, se algum produtor precisar de um trabalho específico ou o desenvolvimento de uma nova tecnologia, a empresa também pode voltar a prestar serviços.

A precificação dos serviços é feita com base na área que vai ser atendida em cada propriedade. O negócio, segundo o executivo, tem sido rentável, tanto que a startup não tem buscado financiamentos externos.

“É sustentável trabalhar com a escala da John Deere por trás. Procuramos parceiros, mas mais no sentido do smart money, para desenvolver novas teses e serviços”, diz Oliveira, que não entrou em detalhes sobre o faturamento da startup.

Tanto a John Deere quanto a Claro não são acionistas do negócio e sim parceiros comerciais da empreitada.

Imune à crise das máquinas

No primeiro trimestre deste ano, as vendas de máquinas agrícolas recuaram 14,7%, segundo dados da Abimaq.

De acordo com a entidade, dois fatores prejudicaram o desempenho: a taxa de juros que continua elevada e uma escassez nos recursos vindos do governo para compra de equipamentos.

Porém, de acordo com o CEO da Sol, a empresa não é diretamente afetada por esse cenário, já que atua com outros tipos de serviços para além da conectividade de máquinas.

“Estamos falando de máquinas inteligentes, estações meteorológicas, sensores de IoT, computadores e dispositivos móveis. Vale lembrar que a rede oferecida pela Sol é aberta, pública, disponível para que toda a população sob a área de cobertura tenha condições de desfrutar da conectividade”, finaliza o executivo.