O “dinheiro no bolso” de R$ 5,7 bilhões pela venda de 13 ativos no Brasil, Argentina e Chile para a Minerva, concluída em 28 de outubro, turbinou o lucro líquido da Marfrig no quarto trimestre de 2024.

Com o pagamento recebido, a Marfrig reportou nesta quarta-feira um lucro líquido de R$ 2,57 bilhões no quarto trimestre de 2024, resultado 2.172% superior ao obtido no mesmo período de 2024.

O lucro líquido em todo o ano de 2024 foi quase integralmente garantido pelo 4T24 e chegou a R$ 2,8 bilhões, revertendo prejuízo de R$ 1,5 bilhão em 2023.

A receita líquida consolidada no trimestre de outubro a dezembro cresceu 22,1% ante igual período de 2023, para R$ 41,3 bilhões e a receita anual foi de R$ 144,2 bilhões, avanço de 14% na comparação com o ano anterior.

O Ebitda ajustado foi de R$ 3,7 bilhões no trimestre, avanço de 37,1% na comparação com o último trimestre de 2023, e atingiu R$ 13,6 bilhões no ano, com variação de 59,5% na comparação com 2023.

O acordo com a Minerva deve ser finalizado com a incorporação de três plantas de abate no Uruguai, ainda sob avaliação dos órgãos reguladores locais, e seguem sob operação da Marfrig. Este mês, a Minerva protocolou um novo pedido de autorização para o negócio à autoridade concorrencial uruguaia (Coprodec), após o veto do ano passado.

Para Rui Mendonça, presidente da Operação América do Sul da Marfrig, a expectativa é que a aprovação do negócio com a Minerva no Uruguai, apesar de ser difícil prever, pode ocorrer ainda neste semestre.

“Não temos prejuízo no Uruguai e mantivemos as operações. Esperamos uma oferta de bezerros alta, seguimos crescendo e não tem nenhum risco”, disse Mendonça em conferência com a imprensa sobre os resultados da companhia.

O executivo é otimista em relação ao mercado exportador, principalmente o brasileiro. Ele lembra que foram 35 novas habilitações para exportação no ano passado e que houve um crescimento de novos mercados, principalmente para América do Norte, Sudeste Asiático e Oriente Médio. Isso reduziu a dependência do mercado chinês que caiu de 60% para 46% do total comercializado pela companhia.

“Temos um trabalho forte do governo para abertura do Japão, Coreia do Sul e Vietnã”, completou Mendonça. Além disso, segundo ele, colaboraram para os resultados da Marfrig a melhoria na eficiência nos complexos industriais, o aumento do valor agregado e a sinergia maior com a incorporação da BRF e a otimização de confinamentos, cuja ocupação saiu de menos de 80% para acima de 90%.

Já Tim Klein, CEO América do Norte da Marfrig, afirmou que o desempenho da companhia foi positivo, com aumento no faturamento de 4,8% no trimestre final de 2024, embora o processamento tenha sido menor. O executivo afirmou que não há sinal de retenção de novilhas para matrizes nas propriedades e que o abate de fêmeas continua na região.

“Esperamos que em 2025, com seca e com menos juros, haja um incentivo para pecuaristas reterem fêmeas”, ponderou.

Distribuição de dividendos

Tang David, CFO da companhia, ressaltou “o ganho de capital de venda dos ativos como grande destaque” no resultado da companhia.

Além das altas na receita e no lucro, a operação ajudou na geração de caixa livre, que foi de R$ 2,9 bilhões e reduziu a alavancagem medida em dívida líquida consolidada sobre Ebitda de 3,7 vezes para 2,47 vezes em dólares e de 3,7 vezes para 2,8 vezes em reais no ano.

“Com todo esse resultado forte, a Marfrig distribuiu R$ 2,5 bilhões em dividendos. Temos base para distribuir dividendos, mas uma decisão virá na reunião de conselho e não tenho essa informação”, disse David.