O barter é uma operação muito comum na relação entre produtores rurais e os fornecedores de insumos agrícolas. As duas partes acertam um acordo de troca, com o fornecimento de produtos como sementes e agroquímicos necessários para a safra, e o pagamento é realizado após a colheita, com parte da produção.
Geralmente, a relação de troca é calculada com base em uma média regional de produtividade estabelecida pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Neste caso, se o produtor teve rendimento maior ou menor que essa média, isso não é levado em conta no cálculo.
Um projeto lançado pela Bayer, em maio deste ano, vem tentando oferecer uma análise mais personalizada, em que o barter é calculado com base na produtividade obtida na propriedade do cliente. Com isso, a empresa diz ter ampliado em 40% o volume de crédito concedido até agora, neste tipo de operação.
O programado, chamado de Barter+, já é considerado um dos principais da gigante de defensivos e sementes, e tem sido vantajoso aos produtores rurais, segundo Alexandre Pimenta, líder de Climate FieldView da Bayer para América Latina.
“Esse é um serviço que atinge mais diretamente o dia a dia do produtor rural. Nós temos casos em que estabelecemos a produtividade de um talhão de soja, por exemplo, era de 70 sacas por hectare. Pelos critérios da Conab, ele teria que fazer o barter com uma produtividade oficial de 55 sacas por hectare”, disse o executivo.
Quanto maior a produtividade comprovada, menor a área que o produtor terá que destinar para pagamento do barter, o que proporciona maior retorno, já que sobra mais da produção para venda livre no mercado.
E por que o líder de um serviço de gestão e monitoramento de propriedades rurais da Bayer fala sobre o barter? Porque é exatamente a plataforma digital Climate Fieldview que permite à empresa apurar com maior precisão a produtividade de cada fazenda.
A Bayer iniciou um piloto do seu projeto Barter+ em 2022, atendendo alguns clientes selecionados que já utilizavam o Climate Fieldview. A partir da safra 2023/2024, o produto entrou no portfólio da companhia.
Segundo Pimenta, tanto o Fieldview quanto o Barter+ marcam uma espécie de virada estratégica da Bayer, se aproximando cada vez mais do perfil de uma empresa de tecnologia, e não só mais apenas uma produtora de insumos.
“É uma empresa que investe 2,8 bilhões de euros por ano em pesquisa e desenvolvimento. Aí estamos falando de genética, tecnologia, químicos e biológicos. E não tem uma ‘bala de prata’, os investimentos têm que ser feitos neste conjunto”, afirma Pimenta.
No caso do Climate Fieldview, a Bayer fechou o ano passado com 25 milhões de hectares mapeados em todas as regiões do Brasil. Segundo Pimenta, esta área monitorada deve fechar 2023 pelo ao redor de 30 milhões de hectares.
O serviço permite que o produtor rural faça o monitoramento da sua produção instalando o software nas máquinas que utiliza. As informações podem ser acessadas em tempo real, de acordo com o nível de conectividade da fazenda.
Durante o evento Impulso Bayer Talks, realizado no dia 7 de novembro, em Campinas, interior de São Paulo, a companhia anunciou alguns avanços para o início de 2024, como a disponibilização do FieldView para celulares Android, e novos relatórios de proteção das culturas.
A empresa vai disponibilizar ainda uma versão que servirá para monitorar os desempenhos das próprias máquinas agrícolas, com dados sobre consumo de combustível e velocidade média, por exemplo.
De acordo com o gerente de marketing de produto da Climate FieldView para a América Latina, Luiz Vicenzi, o objetivo da versão para Android é democratizar o acesso a dados que são relevantes para o produtor.
“O lançamento surgiu a partir de conversas com agricultores e agricultoras de todo o país, que expressaram a necessidade das ferramentas da Climate FieldView também serem compatíveis com Android’, explica Vicenzi.