O interesse do fundo de pensão canadense Public Sector Pension Investment Board (PSP Investments), um dos maiores do Canadá e com quase 300 bilhões de dólares canadenses em ativos líquidos sob gestão, pelo agro brasileiro segue muito forte.
Há um mês atrás, o AgFeed informou com exclusividade que o fundo seria o investidor estrangeiro por trás do megaprojeto de R$ 1 bilhão da SLC Agrícola para aumentar sua área irrigada.
Agora, anunciou que será acionista da Citrosuco, uma das maiores empresas do País no segmento de suco de laranja. O valor da transação não foi revelado.
Pertencente à Votorantim, a Citrosuco registrou uma receita líquida de US$ 1,7 bilhão (cerca de R$ 9 bilhões pela cotação atual), e um Ebitda de US$ 293 milhões no ano de 2024, avanços de 13% e 42%, respectivamente, frente ao ano anterior.
O acordo foi fechado entre a PSP Investments com os atuais acionistas Votorantim e Grupo Fischer, que agora dividirão o capital em três posições minoritárias.
Segundo um comunicado divulgado pela Citrosuco, o investimento faz parte da estratégia de “natural resources” do fundo, que até o fim do ano encerrado em março deste ano, data do último report, contava com US$ 17,9 bilhões em ativos.
A PSP possui uma área de recursos naturais, onde concentra investimentos em diversos setores referentes ao agro e setor florestal.
Nesse último report, o fundo cita que investiu US$ 2,1 bilhões em novas aquisições nesse ramo, incluindo uma compra de 91 mil acres (cerca de 36 mil hectares) de terras no sul dos Estados Unidos. Além disso, destaca uma nova plataforma de proteína animal, por meio da aquisição de 27 propriedades avícolas.
O PSP cita que a estratégia do fundo privilegia ativos com forte componente de terra, água e ativos biológicos.
“Temos o prazer de receber o PSP Investments como parceiro estratégico. O fundo traz expertise setorial complementar, fortalece nossa base de capital e adiciona um horizonte de investimento de longo prazo”, disse, em nota, Mario Bertoncini, CEO da Citrosuco. Bertoncini assumiu o posto em agosto, assumindo o posto que foi ocupado por Marcelo Abud durante três anos.
Também no comunicado, Marc Drouin, Managing Director Sênior e Head Global de Recursos Naturais do PSP Investments, citou que o PSP tem muita confiança no “potencial de longo prazo do setor de alimentos e agricultura”.
“Estamos orgulhosos em apoiar a empresa nesta nova fase de crescimento e em contribuir para a criação de valor de longo prazo para o setor, ao lado de parceiros cuja visão está alinhada à nossa”, disse, em nota.
A Citrosuco está em um processo de expansão de pomares, com foco em regiões para além do cinturão citrícola de São Paulo, numa missão de fugir do greening.
“Essa iniciativa aumentará a produtividade, melhorará a qualidade da fruta, ampliará a participação própria no suprimento industrial e expandirá a escala de produção, fortalecendo a competitividade de longo prazo e a segurança de abastecimento, ao mesmo tempo em que promove práticas agrícolas sustentáveis”, disse Mario Bertoncini.
Um estudo do banco Rabobank, divulgado em maio deste ano, projetou que, em três anos, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Paraná devem representar um terço dos pomares brasileiros de laranja.
A própria Citrosuco, por exemplo, está se preparando para passar a operar no MS, num projeto na cidade de Três Lagoas.