Suspensão de operações em fábricas no Brasil. Demissões nas plantas de Des Moines e Waterloo, duas de suas principais unidades nos Estados Unidos. Previsão de queda de receitas e vendas em 2024.

Desde o início do ano, a John Deere, mais fabricante de máquinas agrícolas do mundo, tem vivido uma sequência de comunicados negativos, consequência do encolhimento dos mercados em que atua, sobretudos nas Américas do Norte e do Sul.

Neste fim de semana, mais de 80 mil funcionários da companhia passaram por mais um sobressalto, após receberem uma carta assinada pelo CEO global, John May.

No documento, cujo conteúdo foi divulgado pela Bloomberg, ele informou que até o final de julho, quando se encerra o terceiro trimestre do ano fiscal da empresa, novos cortes de pessoal devem ser feitos em escala mundial, com vistas a adequar seus custos operacionais, que estão em alta, à demanda mais fraca prevista para os próximos meses.

“Infelizmente, isso significa a partida de muitos colegas talentosos e dedicados”, afirmou May na carta.

May já havia surpreendido o mercado há duas semanas ao projetar, no guidance que acompanhou a divulgação do balanço do primeiro semestre fiscal da companhia, um resultado fraco para o ano de 2024, inclusive abaixo da média de mercado em vendas no agronegócio.

A John Deere estima uma queda entre 20% e 25% nas vendas para as suas áreas voltadas para a agricultura ao final do ano fiscal de 2024, enquanto prevê, para toda a indústria, uma redução de 10% a 20%, a depender da região.

O recuo de até 20% está previsto justamente para a América do Sul, segundo maior mercado para a empresa.

O lucro líquido projetado pela John Deere para todo o ano de 2024 é de US$ 7 bilhões. A projeção anterior para o indicador estava em um intervalo entre US$ 7,5 bilhões e US$ 7,75 bilhões. Se confirmado, o lucro será mais de 30% menor que em 2023, quando ficou acima de US$ 10 bilhões.

“Estamos proativos em manejar nossa produção e nosso estoque para patamares mais adequados para as mudanças na demanda e posicionando as operações para o futuro”, afirmou May, em comentário que acompanha o balanço.

A proatividade tem sido traduzida em redução de quadros e no ritmo de produção em suas fábricas. Somente nos últimos dois meses cerca de 800 pessoas foram desligadas de unidades fabris da John Deere nos Estados Unidos.

Em maio, 190 trabalhadores das linhas de montagem da planta de Waterloo, no estado americano de Iowa, foram comunicados da dispensa, que deve se efetivar até 22 de junho. Antes disso, outros 800 funcionários dessa mesma fábrica – onde a Deere produz tratores de grande porte e motores a diesel mantinha um quadro total de 5,2 mil pessoas– já haviam sido desligados, segundo relatos do site Agriculture Dive.

Antes disso, outros 150 operários foram cortados da planta de Des Moines e mais de 30 em outra localizada no estado de Illinois.