De férias em Nova York, o empresário Kriss Corso, CEO do Grupo JCN, com 90 mil hectares cultivados em fazendas em três estados brasileiros, preparou uma surpresa para a família na semana passada. Durante um passeio noturno pela famosa Times Square, no coração de Manhattan, eles pararam para apreciar os famosos telões que são a marca registrada do local. Então, a imagem do próprio Corso surgiu em um deles.
“Retratado” com trajes de astronauta, em meio a uma lavoura de algodão, o produtor aparecia imponente acompanhado da frase “Our fiber dresses the world” (nossa fibra veste o mundo, na tradução do inglês”.
“Foi um momento indescritível. Além de estar representando o JCN e todos os produtores brasileiros, tive um momento especial em que meus filhos, Antonella e Luigi, puderam ver o quanto o trabalho que desenvolvemos no campo é importante para alimentar e vestir o mundo”, disse ele ao AgFeed.
Assim como ele, outros 13 cotonicultores surgiram ou surgirão na mesma tela. São os protagonistas de uma iniciativa inédita da Girassol Agrícola, empresa de sementes com sede em Rondonópolis, no Mato Grosso, que colocou o agronegócio brasileiro em um dos entroncamentos mais movimentados do mundo ao longo de 28 dias.
“A campanha é uma homenagem e um manifesto sobre os feitos da cotonicultura brasileira”, afirma Rodrigo Campos, gerente de Marketing da Girassol e um dos idealizadores do projeto. “Estamos em um momento em que temos autoridade e representatividade para falar ao mundo que o que fazemos aqui não tem paralelo em todo o mundo”.
A oportunidade aproveitada pela Girassol foi quase uma “provocação”, ao comemorar na casa do concorrente a ultrapassagem do Brasil sobre os Estados Unidos na produção de algodão. A empresa, fundada por Gilberto Goellner, um dos nomes fortes do setor no Mato Grosso, fatura R$ 1,2 bilhão e é e líder na venda de sementes para a cultura.
Segundo lembrou Campos, o próprio Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou recentemente projeção indicando que os cotonicultores brasileiros produzirão 3,17 milhões de toneladas no ciclo 2023/2024, contra 2,85 milhões dos americanos.
Isso, com o plantio de cerca de metade da área cultivada nos EUA – 1,7 milhão de hectares aqui, 3,24 milhões de hectares lá – graças a uma produtividade que supera 1,9 mil kg/ha, mais que o dobro da americana.
“Além disso, a nossa produção já conquistou todas as certificações possíveis de sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade de fibra”, disse Campos. “Nossa ideia era sair da mesmice e criar um buzz. E está acontecendo”.
A criação da campanha com os “agronautas” do algodão é fruto, segundo ele, de discussões internas em torno criar uma associação da marca com inovações, abrindo caminho para uma série de lançamentos a serem feitos.
A ideia de vincular a imagem dos produtores homenageados com astronautas veio, segundo ele, do livro Guia de um Astronauta para Viver Bem na Terra, de Chris Hadfield, canadense que durante 21 anos atuou em missões aeroespaciais e chegou a comandar a Estação Espacial Internacional.
Após se aposentar, em 2013, Hadfield tornou-se consultor de empresas e lançou obras sobre gestão empresarial, entre elas o livro que inspirou os executivos da Girassol.
“Identificamos na obra semelhanças entre os desafios do astronauta e os do produtor rural”, explicou. “E entendemos que assim poderíamos passar a mensagem que desejamos a um público mais amplo”.
As características comuns aos dois profissionais tão distantes seriam, segundo Campos, a capacidade de tomar decisões complexas, mesmo com informações incompletas e sujeitas a muitas variáveis sobre as quais não têm controle e a gestão sempre voltada a observar o que pode dar errado, de forma a evitar que isso aconteça.
“Acreditamos que o produtor que chegou até aqui não é o mesmo que vai liderar o agro de agora em diante”, afirmou. “O perfil do agricultor do futuro é cada vez mais empresarial, com governança estruturada e gestão profissional”.
É esse o perfil, de acordo com a Girassol, de nomes como o de Corso, Luimar Gemi, do Grupo Gemi, Mauro Riedi, da Fazenda Santa Helena, Gustavo Picoli e Itacir Picim, que estão na lista dos homenageados da empresa. Todos, além de clientes da Girassol, estão entre os mais tecnificados e bem-sucedidos produtores de algodão do País.
Campos não revela o investimento na campanha, que, segundo ele, “tem custo semelhante a expor em um painel numa região nobre de São Paulo”. A repercussão positiva estimulou a empresa a avaliar a veiculação na capital paulista e outras cidades brasileiras, decisão que deve ser tomada nos próximos dias.