A caipirinha é a bebida embaixadora global do Brasil. Dos ingredientes, o país já lidera a exportação mundial de açúcar e também tem visto crescer as vendas de cachaça para o mundo todo. O plano agora é que o limão local tenha o mesmo alcance.
Pelo menos esta é a meta da Katira, empresa paulista, no mercado desde 1974, que tem o limão taiti, o mais consumido no Brasil, como carro chefe.
“Temos uma área total de 2 mil hectares, dos quais 850 hectares são ocupados pela produção de limão”, conta Júlio César Del Grossi, diretor Comercial da companhia, e representante da terceira geração da família fundadora.
Além de plantar limão e outras culturas, como soja, cana-de-açúcar e laranja, a Katira tem um centro de beneficiamento voltado totalmente para o limão, que é vendido para redes de varejo.
Segundo Del Grossi, a empresa já tem um projeto para investir R$ 25 milhões na construção de uma nova planta para selecionar e embalar as frutas.
“Esse plano já inclui a compra de uma classificadora eletrônica, que seleciona os melhores limões para serem embalados e vendidos”, explica.
Até agora, a Katira se concentrou exclusivamente no mercado doméstico. Mas a nova packhouse, como Del Grossi chama a unidade de beneficiamento, vai permitir que a empresa comece a exportar o fruto.
“Atualmente, a nossa packhouse processa 110 toneladas de limão por dia, em média”, conta o executivo. “Com a nova unidade, teremos capacidade de liberar cerca de 300 toneladas por dia”.
Del Grossi diz que a unidade não recebe só a produção própria da Katira. “Algo próximo de 70% do que comercializamos é próprio e outros 30% são de produtores vizinhos, que ficam em um raio de 300 quilômetros”. Segundo ele, o estado de São Paulo concentra cerca de 80% da produção nacional de limão taiti.
A Katira tem sua área plantada no município de Taquaritinga, no interior de São Paulo, e iniciou a comercialização em um espaço no Ceasa de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Na década de 1990, abriu a segunda loja, no Ceasa de Curitiba, capital do Paraná. E em 2016, iniciou a abertura para o mercado nacional.
Agora, com uma equipe de 350 funcionários, a Katira está chegando a grandes redes de varejo, como o GPA, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar, e Carrefour.
“No Carrefour, vamos fornecer o limão que será vendido com marca própria do mercado. E já estamos presentes em várias redes, desde menores, com seis ou sete lojas, até as maiores com 250 a 300 unidades”, conta Del Grossi
Preço em alta
O diretor da Katira afirma que o inverno é um período de entressafra para a cultura de limão e que os preços costumam subir. Mas este ano está muito melhor que 2022.
“Agora, estamos conseguindo vender uma caixa, que tem 27,2 quilos da fruta, por R$ 100. Ano passado, nessa mesma época, estava a R$ 40”.
Del Grossi conta que o produtor de limão precisa aproveitar estes bons momentos para fazer caixa, pois próximo do verão, entre novembro e dezembro, o valor da caixa chega a cair até para R$ 15.
Diferente das culturas de grãos, em que os custos ficam mais concentrados no processo de plantio, no limão, cerca de 60% das despesas ficam com a colheita.
“É uma cultura perene, que dá de oito a 10 colheitas por ano”, conta Del Grossi. Ele explica que o El Niño pode atrapalhar a produtividade, já que a árvore precisa ter um certo nível de stress para florescer, e consequentemente dar frutos.
Após o plantio, segundo a Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz (Esalq), uma árvore começa a dar frutos em três anos. Ela se torna adulta após 10 anos de existência.
Em 2021, o Instituto Agronômico da Secretaria de Agricultura do estado de São Paulo, apresentou uma nova variedade de limão taiti. Chamada de IAC 10, ela apresenta uma produtividade de 80 toneladas por hectare, contra 25 toneladas da variedade tradicional, segundo o IAC.