A Boa Safra Sementes espera captar R$ 500 milhões em Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs) com a emissão de quatro séries dos títulos até o final deste mês.
Segundo prospecto da divulgado pela companhia, os recursos obtidos com a operação “serão utilizados integral e exclusivamente” para desembolso do valor nominal de CPR-Financeiras que compõem o lastro dos CRAs na oferta. Na prática, a companhia troca uma dívida por outra em busca um melhor perfil.
A empresa informou que não iria se manifestar sobre a operação além do prospecto divulgado. Os recursos captados com a emissão das Cédulas do Produto Rural vão, “integral e exclusivamente, para atividades de produção, comercialização, beneficiamento e industrialização de produtos rurais, tendo em vista seu enquadramento como produtora rural”, segundo o documento.
A oferta é destinada a investidores qualificados e o período de reserva segue até a próxima segunda-feira, 27 de janeiro. No dia seguinte os preços serão fixados e a liquidação da oferta acontecerá no dia 31 de janeiro.
A oferta será em quatro séries, as duas primeiras com vencimento em 15 de janeiro de 2030, e as seguintes, em 15 de janeiro de 2032 e 2035, respectivamente.
No primeiro vencimento, a remuneração é de CDI + 0,60% ao ano, ou 15,27% ao ano, sendo usada a taxa que for maior. No segundo vencimento, a remuneração será de CDI + 0,60% ao ano.
O terceiro vencimento terá CRAs remunerados por IPCA + 7,47% ao ano, ou NTN-B 2030 + 0,75%. Já o último vencimento será pago com por IPCA + 7,64% ao ano, ou NTN-B 2032 + 0,90%, sempre valendo as taxas que forem mais altas.
A agência de risco Moodys atribuiu classificação AAbr à emissão. Em relatório, os analistas do BB-BI Viviane Silva e Fernando Cunha citaram que a empresa captou no ano passado R$ 300 milhões em uma operação de follow-on, ou seja, de emissão de novas ações, e que espera outros R$ 500 milhões com os CRAs.
“Ambos devem contribuir para continuidade do processo de aumento da capacidade de produção da companhia, buscando atender à crescente demanda por sementes de alta qualidade/tecnologia e aproveitar chances de consolidação do mercado”, destacam.
O valor captado em um ano é quase o dobro do valor absoluto de R$ 460 milhões que a Boa Safra conseguiu com o IPO, em abril de 2021. Os recursos têm sido utilizados para a expansão de operações, a modernização de unidades e o crescimento por meio de aquisições, visando diversificar sua base de produtos e crescer em novos mercados.
Fundada em 2009 e com sede em Goiás, a Boa Safra é líder na produção de sementes de soja no Brasil e fornece materiais para o cultivo de milho, sorgo, trigo, feijão e forrageiras, entre outros negócios.
A empresa possui cinco unidades de beneficiamento de sementes, três centros de distribuição e, em parceria com a Bestway Seeds, duas unidades em Uberlândia (MG).
A aquisição de dois terços da Bestway, em setembro de 2022, foi a primeira operação da Boa Safra após o IPO e marcou a entrada da companhia no mercado de sementes de milho.
A segunda operação, em 2023, foi a compra da DaSoja, empresa de sementes de soja, milho e sorgo, expandindo suas operações para a região do Matopiba e Pará.
O movimento mais recente da companhia foi o lançamento da marca Avra, como noticiou o AgFeed em 4 de dezembro passado. Com a marca, o grupo espera conquistar uma fatia do mercado “premium” de sementes de soja, onde ainda não atuava.
Diferentemente das movimentações de aquisição, a aposta é construir um novo negócio dentro da empresa, como revelou à época Marino Colpo, CEO da Boa Safra.