A Basf parece disposta a realmente se tornar uma nova empresa nos próximos anos. Diante de trimestres complexos na operação global somados a uma crise industrial energética na Alemanha, a companhia está avançando nos planos de listar, de forma separada da operação total, a área de agroquímicos.
Segundo informações da agência Bloomberg, a empresa pediu a diversos bancos que apresentassem propostas para uma listagem de sua divisão agrícola, responsável pela fabricação de insumos como herbicidas e fungicidas.
A Basf está considerando listar a unidade nos EUA e pode contratar consultores nas próximas semanas, disseram fontes ouvidas pela agência. A Alemanha também está no radar do negócio e a listagem deve acontecer em 2026.
Um relatório recente do Jefferies Financial Group avaliou o negócio em aproximadamente 16,5 bilhões de euros, algo em torno de R$ 100 bilhões.
O segmento é responsável hoje por receitas de 10 bilhões de euros anuais (em torno de R$ 60 bilhões, pelo câmbio atual), cerca de 15% do faturamento total da companhia.
Uma listagem americana faria a Basf seguir o mesmo caminho que alguns concorrentes europeus que atuam com químicos, como a Titan Cement International, listada em Nova Iorque. A percepção é que o mercado de capitais dos EUA é mais avançado e pode atingir um grupo de investidores mais qualificado e amplo.
Em setembro passado, o CEO global da Basf, Markus Kamieth, informou aos seus liderados a intenção concreta de realizar este IPO.
A percepção de Kamieth é que o mercado de ações hoje subestima as perspectivas de lucro dessa unidade.
A decisão de listar a unidade em separado poderia, desta forma, dar mais visibilidade à área, gerando uma maior valorização para o grupo como um todo.
Os resultados da Basf serão apresentados no próximo dia 28 de fevereiro, com o balanço do último trimestre e do ano de 2024 como um todo. No terceiro trimestre do ano passado, o ebitda da área agrícola teve uma redução de mais de 78%.
Não é só o negócio agrícola que está sob análise. A área de revestimentos, que atende empresas como Volkswagen e Mercedes-Benz, também sofre com a crise local.
A empresa europeia, assim como suas concorrentes, tem sido pressionada pela crise energética, que acontece principalmente na Alemanha, ainda como efeito da decisão da Rússia de cortar o fornecimento de gás para a região.
A indústria química convive com os efeitos dessa crise já há algum tempo. Os mais otimistas projetavam uma recuperação começando, no cenário mais otimista, ainda este ano.
De acordo com uma pesquisa feita pela Bloomberg em 2023, praticamente um em cada 10 entrevistados da Associação da Indústria Química da Alemanha (VCI) disse que estava fechando permanentemente processos de produção devido às perspectivas desafiadoras da indústria no país.
No redesenho da Basf, outra hipótese avaliada é a venda da Suvinil, marca de tintas da companhia no Brasil.