Um dos termômetros para saber qual segmento está em alta na economia é o mercado de aviação executiva. Setores mais quentes literalmente voam mais, com seus executivos cruzando o Brasil para fechar negócios.

Também nesse indicador o agronegócio demonstra força. Prova disso é o investimento que acaba de ser anunciado pela Avantto, uma das principais empresas de compartilhamento de jatos e helicópteros no País.

Num movimento realizado especificamente para aumentar sua presença junto ao público de produtores e executivos de empresas do setor, a companhia encomendou 34 novas aeronaves à fabricante americana Epic Aircraft, além de preparar a abertura de pelo menos quatro novas bases em cidades com forte atividade agro – atualmente a empresa opera apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Segundo revelou o CEO da Avantto, Rogério Andrade, ao AgFeed, somente na aquisição dos aviões – do modelo turboélice EcpicE1000GX – serão aplicados US$ 180 milhões (o equivalente a R$ 900 milhões) nos próximos cinco anos, prazo previsto para que todas as aeronaves sejam entregues.

“Queremos que o agro tenha, nos nossos negócios, no mínimo a mesma participação que tem no PIB”, afirma Andrade. Atualmente, diz, os clientes do setor representam apenas 5% da carteira da empresa e inclui grupos de fertilizantes e frigoríficos, mas o empresário acredita que pode chegar a 30%.

Para atingir essa meta, a Avantto tem plano de voo definido. Os dois primeiros aviões Epic devem chegar ao Brasil ainda este ano e ficarão “estacionados” na primeira base do projeto de interiorização dos serviços da empresa, entre as cidades de Barreiras e Luís Eduardo Magalhães, no Oeste da Bahia.

“Já temos tudo isso mapeado”, diz Andrade. “Depois iremos para Goiânia e teremos duas bases em Mato Grosso”, diz. Uma delas será para atender a região que compreende Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde e a outra, para Primavera do Leste, Rondonópolis e Cuiabá.

Para manter uma base, a Avantto precisa de espaço contratado para estacionamento dos aviões em hangar, uma sala de apoio e uma empresa homologada para serviços de manutenção com capacidade de fazer pequenas intervenções nos aviões.

Goiânia, quando receber a sua base, deve ser o principal centro de operações dos modelos Epic. “Estando presente nos principais polos, é normal que a participação do agro cresça substancialmente”, acredita o CEO da Avantto.

A escolha do turboélice da Epic exigiu estudos da empresa, que atualmente opera 45 aeronaves, entre helicópteros e jatos da família Phenon, fabricados pela Embraer, em modelo de compartilhamento ou operação para proprietários exclusivos.

Assim que definiu o plano de interiorização, a empresa visitou clientes e aeroportos nos principais estados produtores e verificou que precisava se adaptar á realidade do setor.

“Concluímos que o jato não era adequado para operações no interior, com pistas curtas ou não preparadas, onde nem sempre podem pousar. O Ideal é o turboélice”, diz.

A pesquisa seguinte apontou para o Epic, que transporta, além de piloto e co-polioto, quatro passageiros, como uma opção interessante. “Ele se adapta bem às pistas do interior e voa a 320 nós (550 km/h), mesma velocidade de um Phenon100, com a metade do custo operacional”, afirma Andrade. O executivo diz ainda que o alcance do avião permite fazer uma viagem São Paulo-Manaus sem escala.

Rogério Andrade, CEO da Avantto

Cada aeronave custa em torno de US$ 5,5 milhões. No sistema de compartilhamento, será possível adquirir uma de cinco cotas por avião. A partir daí, o cliente paga a sua parte no rateio de manutenção (proporcional também às horas voadas) e uma taxa de operação cobrada pela Avantto, que inclui custos com hangar, pilotos, seguro, relacionamento com Anac, entre outros serviços). Também ficam a cargo do usuário os custos de cada voo, como combustível. A aquisição de uma cota permite o uso de até 120 horas de voo por ano.

“O conceito de compartilhamento se enquadra muito bem no agronegócio”, afirma Andrade. “Com suas necessidades bem menos atendido pela aviação comercial e a estrutura rodoviária precária, é uma maneira de se deslocar de forma rápida e eficiente, com a garantia de poder contar com uma aeronave sempre que precisar”.

A Avantto, diz Andrade, opera apenas em pistas homologadas pela Anac, que incluem também aeródromos privados dentro de fazendas. Segundo levantamento feito pela empresas, existem 557 destas pistas em condições de receber seus aviões. Com elas, o agro fica mais perto.