Quem vive do comércio global tem tido, mais do que qualquer outro, motivos para se preocupar. Os tempos são de incerteza sobre como ficarão as relações entre os principais mercados do mundo e, no universo das commodities agrícolas, o impacto pode ser enorme.

Por isso, grandes tradings têm sido cuidadosas nos seus movimentos, sobretudo depois de atravessarem uma temporada de resultados frustrantes, pressionados pelos preços baixos das principais commodities agrícolas.

Assim, olhando o quadro como um todo, não causou surpresa a decisão da gigante americana ADM, noticiada esta semana, de reduzir de forma substancial suas operações na China, maior importador de produtos agrícolas.

Segundo informou a agência Bloomberg, tendo como fontes “pessoas familiarizadas com o assunto”, a companhia deve encerrar suas operações internas de comercialização de commodities no país oriental, em um dos mais importantes passos de uma ampla reestruturação global na ADM.

As margens estreitas nas operações chinesas estariam na origem da decisão, que resultou, na segunda-feira, 14 de abril, no corte de dezenas de funcionários sediados em Xangai, foram informados na segunda-feira que seus empregos haviam sido cortados.

Em um comunicado, a ADM confirmou que, diante de um "ambiente desafiador", está eliminando gradualmente as negociações domésticas em sua unidade Topefer Shanghai.

A reestruturação da ADM foi anunciada oficialmente pelo CEO da companhia, Juan Luciano, em fevereiro passado, juntamente com a divulgação das demonstrações financeiras referentes ao ano de 2024, com queda de 9% nas receitas, que somaram US$ US$ 85, 5 bilhões.

Na ocasião, Luciano informou que a empresa iniciaria a execução um plano de redução de custos com foco em cortar entre US$ 500 milhões e US$ 750 milhões nos próximos três a cinco anos.

Dentro das medidas previstas está a demissão de algo entre 600 a 700 funcionários ainda em 2025 – parte deles, agora se sabe, na China.

“Manteremos nossa abordagem disciplinada e equilibrada à alocação de capital, incluindo a priorização de investimentos estratégicos seletivos com forte potencial de retorno aos acionistas”, afirmou Luciano em fevereiro.

O fim da comercialização interna não significa, entretanto, que a ADM deixará de fazer negócios na China, onde se instalou há 30 anos. No comunicado, a companhia informou que manterá as operações de importação.

"A ADM continua profundamente comprometida com a China", afirmou a empresa no comunicado.