O plantio da safra 2024/25 da SLC Agrícola só começa em setembro, mas mesmo assim, a empresa já deu seus primeiros passos para colocar a temporada de pé.

Enquanto colhe e planta a safra atual, o CEO da empresa, Aurélio Pavinato, destacou em call com analistas de mercado nesta quinta (7), que a empresa já avançou na compra de insumos para a próxima temporada.

No próprio balanço, divulgado na noite de quarta-feira, 6 de março, a SLC pontuou que já fixou parte dos fertilizantes, e já adquiriu 87% dos fosfatados, 82% do cloreto de potássio e 16% dos nitrogenados.

Pavinato comentou que a empresa aproveitou oportunidades de mercado e comprou parte desses produtos com um certo desconto frente ao negociado dos últimos meses.

A expectativa do executivo é que 2024 seja um ano de ajuste de custo de produção. “O preço baixo das commodities está jogando uma pressão nos fornecedores”, comenta.

“Quando olhamos o mercado internacional de defensivos, principalmente nos produtos genéricos, eles estão em níveis baixos frente o histórico, com uma redução adicional de 2023 para 2024. Nos produtos patenteados depende da estratégia de cada empresa, mas o setor pressiona para ajustes”, afirma.

Segundo Pavinato, os preços mais caros não devem se sustentar nos patamares atuais, pois vê, além do agricultor brasileiro com margens baixas, os produtores americanos e europeus com essa pressão.

“Fizemos essas compras até agora de forma oportuna, aproveitando o cenário pontual de mercado, com uma relação de troca favorável”, diz.

A “cesta total de fertilizantes” ainda está com um preço levemente acima do histórico, segundo ele, mas alguns produtos operam em queda, como por exemplo o potássio.

“Nos nitrogenados devemos ver oportunidades melhores nos próximos meses. Precisamos só esperar passar o auge da demanda do hemisfério norte, que planta entre abril e maio, que o preço se ajusta para baixo”, afirma.

Outro elemento chave para a perspectiva positiva para a safra, além da queda de custos projetada pela empresa, é o clima. Se em 2023 o El Niño trouxe uma seca histórica para o Mato Grosso, meteorologistas já apontam que 2024 seja um ano de La Niña.

Pavinato relembra que, pelo padrão histórico, o fenômeno que está por vir esse ano traz falta de chuva no sul do Brasil e na Argentina, o que pode trazer uma quebra de safra nessas regiões. Com isso, o preço dos grãos pode subir.

Por outro lado, no Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil, a chuva é normalizada, algo que beneficia a SLC, pois é onde a empresa tem suas propriedades. Na matemática do executivo, essa conta de preço de grãos se recuperando mais uma safra normal para suas colheitas traz mais rentabilidade para a SLC.

“Historicamente, nem La Niña nem El Niño afetam o Mato Grosso, mas esse ano trouxe uma seca. A tendência para 2024, com o primeiro, é uma chuva normal na região, e isso é bom para SLC pois teremos uma safra ‘cheia”, comentou o CEO da empresa.

No negócio de sementes, a meta da SLC para 2024 é vender 1,2 milhão de sacas de sementes de soja, com cada saca com 200 mil sementes, e 143,3 mil sacas de semente de algodão.

Segundo a SLC, isso traria um aumento de 22,5% e 10,3%, respectivamente, sobre as vendas realizadas em 2023.

Na foto do momento, a empresa afirma que já colheu 60% da soja plantada na safra 2023/24, uma queda de 8% frente ao que já estava colhido na safra anterior nesse mesmo momento.

“Nossa expectativa é entregar uma produtividade de 57,2 sacas por hectare”, pontuou Aurélio Pavinato durante a call com analistas. O algodão da SLC já está 100% plantado, e a safrinha de milho está em vias de conclusão de plantio.

“Nossas lavouras estão com um ótimo desenvolvimento, pois o clima tem sido favorável desde o final do ano. Temos a estimativa de entregar projeto de produtividade em ambas culturas. A seca do Mato Grosso prejudicou a soja, mas as demais regiões estão com alto potencial produtivo”, acrescentou o CEO da SLC Agrícola.

Na safra atual, a empresa atingiu hedge de 58,1% para soja e 40,2% para algodão. Quanto ao milho, o hedge atingiu 3,3%. O CEO foi questionado durante a call sobre o atraso do travamento do milho, e comentou que o preço ainda está baixo.

Como o milho da SLC é da segunda safra, a empresa preferiu aguardar para ver a real disponibilidade de área e produtividade por conta do atraso na janela do plantio de soja.

A empresa afirma que tem trabalhado no pacote tecnológico do milho safrinha e o preço considerado defasado pela diretoria pode impactar nas sementes compradas ou outros elementos do plantio.

O milho da segunda safra deve ser colhido entre julho e agosto e, com isso, a empresa espera uma melhora nos preços até lá. “Devemos acelerar os hedges do milho nos próximos meses, mesmo com o preço ainda não compatível na relação entre risco e investimento dos produtores”, afirmou.