As empresas fabricantes de insumos agrícolas, especialmente de defensivos, não querem deixar passar as oportunidades abertas pelo crescimento do mercado de biológicos no Brasil. E algumas das gigantes multinacionais desse segmento estão se movimentando para continuarem o protagonismo que possuem em químicos.

É o caso da indiana UPL, que apesar de ser estrangeira, tem o Brasil como seu principal mercado. Segundo o COO, ou diretor operacional da companhia no País, Cristiano Figueiredo, o plano é ter mais fábricas de biológicos instaladas em território nacional.

“Provavelmente, em alguns anos, a UPL terá mais fábricas de biológicos do que de insumos químicos no Brasil”, afirmou Figueiredo ao conversar com o AgFeed durante a feira Tecnoshow Comigo, em Rio Verde, Goiás.

Sem dar prazos ou revelar se já existe algo mais concreto neste sentido, Figueiredo afirma que o caminho é natural. Tanto pela tendência de mercado quanto pela natureza dos produtos biológicos.

“Existe sim uma demanda crescente. E existe uma diferença fundamental em relação aos químicos, que é a durabilidade. Os biológicos têm menos tempo de vida útil. Então, vamos precisar fabricar um volume maior, já que os químicos acabam durando muito mais, e o produtor pode estocar”, explica o executivo.

Figueiredo conta que a UPL Brasil está em processo de ampliação da produção de sua planta de biológicos localizada em Lucas do Rio Verde, em Mato Grosso.

“Nós estamos contratando pessoas para ampliar nossa produção lá. Vamos começar nessa nova fase no início da safra 2024/2025”, afirmou.

Ele completa dizendo que não haverá ampliação de área na unidade agora. “O espaço que temos hoje é suficiente para aumentar a produção. Só precisamos de mais gente”.

Em termos de receitas, os biológicos já são o principal negócio da UPL. Como publicou o AgFeed em março, Giuliano Scalabrin, diretor de negócios para a operação brasileira da Natural Plant Protection (NPP), unidade da companhia focada em biológicos, esses produtos já respondem por 60% do faturamento do grupo no Brasil.

Sobre a participação da UPL na Tecnoshow, Figueiredo afirma que as novidades apresentadas durante o evento foram muito bem recebidas pelos produtores. “Eles estão sempre interessados em novas tecnologias, e mesmo com todos os problemas, os agricultores continuam produzindo e continuam procurando insumos que ajudam a aumentar a produtividade”, afirma.

Entre os produtos apresentados durante a feira, está um inseticida biológico feito à base de um fungo que tem atuação entomopatogênica, ou seja, ataca os insetos de forma seletiva, causando uma doença que afeta somente a praga que o produtor quer combater. O produto inclusive faz parte da linha NPP.

Figueiredo comentou também como é a atuação do Brasil em termos de desenvolvimento de novas tecnologias e produtos dentro do grupo. “Nós temos uma autonomia grande, e conseguimos desenvolver aqui soluções que são inclusive exportadas e adaptadas. Mas nós também temos o trabalho de tropicalizar produtos que são desenvolvidos em outros países”.