O agronegócio brasileiro está sempre no radar de grandes empresas estrangeiras, dos mais diversos segmentos. Não foi diferente com a vizinha Argentina, onde fica a sede da Crucianelli, de máquinas agrícolas, que recentemente fechou parceria com a brasileira Piccin para fabricar plantadeiras no Brasil.
Máquinas grandes e caras, as plantadeiras demandam tecnologia e mecânica específicas, e por isso, a parceria entre Piccin e Crucianelli, que ganhou o nome de Aliança Crucianelli Piccin, se tornou viável.
“Nós não fabricávamos plantadeiras e, em 2022, durante a Agrishow, começou uma conversa a partir do interesse da Crucianelli em entrar no mercado brasileiro por meio de uma parceria”, conta Camilo Ramos, CEO do Grupo Piccin, em conversa com o AgFeed durante a Tecnoshow, feira realizada em Rio Verde-GO, organizada pela cooperativa Comigo.
A Tecnoshow, inclusive, marcou a primeira feira agropecuária que contou com a Crucianelli como expositora. Não por acaso. Ramos afirma que um grande produtor de Goiás adquiriu a primeira plantadeira montada pela companhia, que inclusive está em fase de testes.
“Está sendo nossa prova de fogo. O produtor começou a utilizar a máquina, nós recolhemos de volta para fazer alguns ajustes, mas ele vai ficar com ela. Gostou muito dos resultados”, conta Ramos, que negociou diretamente com o grupo argentino a formação da joint venture.
Apesar de ainda estar em fase inicial de operação, a Crucianelli já tem planos bem traçados para seus negócios no Brasil.
Segundo o CEO da Piccin, a fábrica da Crucianelli, instalada em São Carlos, no interior de São Paulo, está em um ritmo de produção de uma a duas máquinas por mês. “O ticket médio das máquinas é de R$ 1,5 milhão”, afirma o executivo.
Por isso, Ramos espera que a Aliança coloque no mercado entre 10 e 12 máquinas em 2024, com “muito pé no chão”. “Nós temos um plano de atingir R$ 100 milhões em receita em sete anos, até 2030”, afirma o executivo.
A joint venture tem 55% de participação do grupo Crucianelli e 45% da Piccin. Isso vale também para os aportes feitos na nova empresa, sobre os quais Ramos prefere não revelar valores.
“Nós estávamos procurando novas maneiras de agregar valor para os nossos clientes e buscar receitas. Como não temos plantadeiras na nossa linha de produtos, houve uma sinergia muito grande, inclusive na forma como as duas empresas pensam suas estratégias de crescimento”, explica o CEO da Piccin.
Por outro lado, a Crucianelli, que já tinha tentado entrar no Brasil em 2011 importando máquinas e vendendo em redes de distribuição, encontrou o jeito ideal de entrar de vez no país.
“Não tinha dado muito certo naquela ocasião. E outras grandes montadoras veriam a Crucianelli como concorrente. Para nós, tem uma sinergia muito grande”, pontua Ramos.
A Crucianelli trabalha com dois modelos no Brasil, que entre si, têm de diferente as larguras de 3,2 metros e 3,9 metros na posição de transporte, já que na posição de trabalho, ambas têm 18 metros de largura.
“O modelo de 3,2 metros ainda está em fase de protótipo, e é feito especialmente para as necessidades do produtor brasileiro. A maior já está sendo comercializada”, conta o executivo.
Ele afirma que na Tecnoshow, se o modelo de 3,2 metros já estivesse disponível para venda, teria fechado negócio com produtores que mostraram grande interesse pela plantadeira.
“Ela funciona muito no Brasil, especialmente em estados como Goiás e São Paulo, por exemplo, onde o produtor tem uma área grande, mas ela não é contínua. Então, ele precisa transportar a plantadeira”, explica Ramos. O protótipo deve sair para teste em maio.
A maior, de 3,9 metros, funciona mais para as propriedades situadas principalmente no Mato Grosso. Mas este é o modelo que já está vendido em Goiás, para um produtor de soja.