Ribeirão Preto (SP) - Ronis Paixão, CEO da Casale, recebeu a reportagem do AgFeed com muita animação nesta segunda-feira, 28 de abril, no estande da empresa na Agrishow. Por volta das 10h, quando a chuva transformava a terra da feira em barro - e o barro em lama -, o executivo comemorava um início promissor nas vendas durante o evento.
“A Agrishow é um grande termômetro. Aqui você consegue saber se o ano vai ser bom ou ruim, historicamente tem sido assim. E o termômetro está excelente: em duas horas de feira a gente já vendeu três máquinas”, contou.
Ele explica que, na empresa, que atua com máquinas para pecuaristas, muitas tratativas já aconteceram antes da feira, e que o evento serve para o apertar de mãos final. O bom humor de Paixão se reflete também na perspectiva que a Casale tem para o ano: crescer mais de 30% seu faturamento frente a 2024.
Sem divulgar números, ele cita que a operação cresceu pouco acima de 25% em 2024 na comparação com 2023, e a meta deste ano é mais agressiva diante de um alinhar dos astros no segmento em que atua. “Por tudo que vemos na pecuária, tanto de corte quanto de leite, o momento está muito bom. Principalmente no corte, que é onde mais atuamos”, disse.
No mix, o faturamento fica próximo aos 70% no corte e 30% nos produtores de leite. Dentre clientes de destaque, a empresa atende a Agrindus, no leite, e a JBJ, confinamento de Júnior Batista, da família dona da JBS.
O CEO cita que 2023 foi um “desastre”. “Talvez tenha sido o pior ano da pecuária de corte”, disse. No segundo semestre de 2024, contudo, o cenário mudou, e propiciou o crescimento no faturamento no ano anterior.
Para 2025, os fundamentos macroeconômicos do setor animam ainda mais Ronis Paixão. Ele cita um preço da arroba alto e um preço de insumos baixo, criando uma boa relação de troca.
Ronis cita que no mercado futuro, o preço da arroba do boi está cotado a R$ 240 em dezembro deste ano, um patamar ainda elevado, na visão do executivo. Segundo dados do Cepea/Esalq, a arroba do boi gordo hoje vale pouco mais de R$ 300. Há um ano atrás, estava a menos de R$ 230.
“Para um planejamento futuro de um produtor, a conta está positiva. Quem estava pensando em fazer investimentos, chegou a hora de fazer”, afirmou.
Sem contar o preço das commodities, ele cita que uma baixa taxa de desemprego no País impulsiona o consumo de carne, o que beneficia os negócios da Casale. Olhando para o mercado externo, Paixão cita uma redução de rebanho nos EUA, o que beneficia as exportações nacionais.
“Mesmo sendo uma maluquice apostar qualquer coisa em cima de ‘Tarifaço’, a relação comercial estressada entre Estados Unidos e China abre uma porta para o Brasil. No preço, a arroba americana está em US$ (cerca de R$ 600), e aqui está em pouco mais de R$ 300. Temos o dobro de espaço para ganhar”, citou.
A meta agressiva em crescer no faturamento acompanha uma estratégia de ampliar a presença geográfica da Casale. Hoje a fábrica da empresa fica em São Carlos (SP), mas desde 2023, a companhia tem investido para “estar mais próximo dos clientes”.
Com uma venda feita via revendas, a companhia desenvolveu um centro de distribuição de peças ao lado da fábrica em São Carlos. “Nossa meta era que 80% dos pedidos fossem entregues em até 48 horas, uma meta que foi batida, e nosso alvo passou a ser 24h. Hoje 70% dos pedidos já são atendidos em um dia”, disse.
Acontece que, por mais que haja essa eficiência, a fábrica ainda está no interior paulista, região longe de áreas produtivas no País.
Diante disso, Paixão revelou que a empresa está abrindo um centro de distribuição em Goiânia, que funcionará como um “hub de distribuição na região Centro-Oeste”.
O projeto do centro de distribuição são-carlense custou cerca de R$ 5 milhões e em Goiânia a estimativa é repetir o mesmo patamar de investimento.
Na conversa entre Ronis Paixão e o AgFeed, o bom humor persistiu até o segundo final de entrevista. Além das vendas aquecidas, ele mostrou, com orgulho, uma homenagem que a Casale recebeu por ser uma das empresas presentes em todas as 30 edições do evento desde o princípio.
“A feira está fazendo 30 anos este ano e o Celso Casale, dono da empresa, foi uma das pessoas que participou do batizado do nome da feira. E ele sugeriu o nome Agrishow durante as reuniões e votações da Abimaq”, contou. “Para nós, que atuamos na pecuária, é uma feira que acontecem negócios”, finalizou.
No evento, o grande lançamento da Casale é o RX 350 Tech Bull, que segundo o executivo, é o maior misturador de ração total horizontal do mundo.
A Casale foi criada nos anos 1960 na intenção de ser uma oficina mecânica de caminhões e tratores, a empresa iniciou, nas décadas seguintes, a fabricação de roçadeiras de arrasto, carretas e finalmente a primeira misturadora de ração da América Latina, mercado que até hoje é o carro-chefe do negócio.
Nos cálculos de Ronis Paixão, que leva em conta dados do estudo Confina Brasil, realizado anualmente pela Scot Consultoria, a Casale tem mais de 30% do mercado de confinamentos quando o assunto é misturadora.
Somado a isso, Ronis Paixão cita o lançamento de um novo distribuidor de esterco sólido. Chamado de LEC, a máquina tem uma capacidade de 20 toneladas de produtos, quase dobrando da versão anterior, de 11 toneladas.
“Além de volume, é a primeira do Brasil que pode usar tanto esterco sólido quanto organomineral, algo muito utilizado nos confinamentos”, afirmou.