Ribeirão Preto (SP) - Uma das líderes do mercado de tubos e conexões no Brasil, a Tigre é poucas vezes lembrada quando o assunto é agro. Mas há vários anos os mercados do campo irrigam os cofres da companhia e prova disso é que ela já participa da Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina há 20 anos.
E, depois de tanto tempo, a companhia, mais famosa pela sua atuação no mercado de construção civil, enxerga cada vez mais oportunidades de crescimento no setor, particularmente no mercado de infraestrutura para irrigação.
Em entrevista ao AgFeed, o diretor para a América Latina do Grupo Tigre, Carlos Eduardo Teruel, afirmou que, atualmente, cerca de 20% da receita da empresa está ligada a esse mercado.
“A irrigação, com seus tubos e conexões, já representa um valor significativo do nosso faturamento. Temos uma equipe comercial e equipes de projeto internas lidando só com isso”, contou.
A presença “invisível” da marca no agro esconde números superlativos. Segundo Teruel, 50% de todo negócio de infraestrutura de irrigação no País utiliza tubos e conexões da empresa, que atua tanto com grandes projetos com integradores, grandes fazendas, cooperativas e indústrias quanto com pequenos produtores em projetos mais simples.
O Brasil é o sexto maior mercado do mundo em área irrigada, com 8,2 milhões de hectares com equipamentos instalados. Proporcionalmente à área total plantada, porém, o número ainda é tímido.
A empresa entende que há espaço para, nos próximos dois anos, aumentar o faturamento com o segmento, que não foi revelado, em mais 25%.
A ideia de crescer ainda mais no mercado de irrigação surge num momento em que o agro brasileiro enfrenta os efeitos do El Niño na safra 2023/24 e se prepara para encarar um La Niña na safra atual.
Os impactos desses efeitos climáticos nas lavouras abrem caminho para o discurso de venda da empresa. “Mesmo diante dessa situação cíclica, nossa maior aposta é que o produtor pode usar a irrigação como uma proteção de seus investimentos, e até mesmo melhorar sua produtividade e até fazer mais colheitas ao longo do ano”, disse.
A empresa não tem um foco regional para expandir essa atuação e garante que possui braços para atender todo o País da mesma forma. Além de fornecer a infraestrutura para um projeto de irrigação, a Tigre atua assessorando projetos de produtores de qualquer porte.
A ideia, segundo Teruel, é mostrar que a irrigação pode ser encarada como um investimento para os produtores em momentos de seca e posicionar o Grupo Tigre como o player como fornecedor desse equipamento.
Para ajudar a aumentar essa receita advinda do mercado de irrigação, a empresa está lançando novos produtos, que estão sendo apresentados na edição atual da Agrishow.
O primeiro lançamento é um tubo de PVC orientado, que permite a criação de redes de distribuição de água. Segundo Teruel, é um produto com qualidade superior ao que é vendido atualmente. Outro produto é um cano com mais amplitude de pressão de água.
Por fim, a empresa está lançando o Unifam, uma solução para tratar esgoto doméstico de casas, fazendas e sítios. É como se fosse uma pequena estação de tratamento, que pode ser usada entre propriedades vizinhas e evitar que dejetos da fazenda sejam jogados no solo ou em córregos, por exemplo.
“Não é um produto para o setor de irrigação, mas pode ajudar o produtor a cuidar melhor da terra e ser mais sustentável”, comentou.
Durante a feira, o grupo irá anunciar também uma parceria estratégica com o Banco do Brasil por meio do convênio BB Agro.
A instituição financeira passará a disponibilizar, tanto para pessoas físicas quanto jurídicas, uma linha de crédito especial para a aquisição de produtos Tigre usados na irrigação.
De acordo com Carlos Eduardo Teruel, o objetivo é facilitar o crédito ao produtor rural que queira instalar um sistema de irrigação em sua propriedade.
Na prática, um profissional da Tigre que esteja lidando com o produtor por meio de orçamentos de projetos, pode o encaminhar para um representante do Banco do Brasil, que fará a análise de crédito e trará uma proposta financeira para o interessado.
“Estar com o Banco do Brasil nessa jornada, um banco parceiro do agronegócio, é muito importante para nós. Esperamos que esta iniciativa ajude os produtores rurais a investir em tecnologias que possam otimizar e ampliar suas operações”, comentou o executivo.