Eram 16 milhões de hectares ao final de 2023. Esta semana, segundo dados da operadora TIM, a área rural conectada com 4G da companhia chegou a 17 milhões de hectares, mas ainda distante da meta de chegar a 20 milhões quando este ano acabar.

A confiança de que o número pode ser atingido foi reforçada durante a presença da companhia na Agrishow, maior feira de tecnologia agrícola da América Latina, realizada em Ribeirão Preto (SP). Lá, a TIM fechou, entre outros negócios, contrato para cobrir, com conexão 4G, 100% da Fazenda Canel, propriedade localizada em Uruçuí, no Piauí, e pertencente à família Bortolozzo.

Segundo revelou ao AgFeed Alexandre Dal Forno, diretor de Desenvolvimento de Mercado IoT & 5G da TIM, a parceria, iniciada em 2022, contemplará agora 100% da unidade de 20 mil hectares, conectando maquinários, sensores e pluviômetros da propriedade rural.

Caio Bortolozzo, sócio administrador do Grupo Canel, contou que na propriedade são cultivados soja, milho, algodão e eucalipto. São 4 mil hectares de algodão, 4 mil hectares de milho, 6 mil hectares de soja e mais 10 mil de eucalipto. “Já acabamos a colheita de soja, e estamos colhendo o milho. Daqui um mês começamos o plantio de algodão”, conta.

Além das culturas de safra e o cultivo de eucalipto, que vira matriz energética para plantas da Bunge na região, o Grupo Canel também atua no pós-colheita. A empresa tem operações de mineração de calcário e possui uma fábrica de ração, que distribui seus produtos no próprio estado, uma unidade de beneficiamento do caroço de algodão e também com confinamento de gado.

“Temos ovos em vários cestos para dividir o risco, seja climático ou de mercado. Ao mesmo tempo, agregamos valor ao produto e deixamos de vender soja e milho in natura”, contou Bortolozzo.

Caio, que é sobrinho do presidente da Sociedade Rural Brasileira, Sérgio Bortolozzo, contou que fez com a TIM um projeto piloto na sede da fazenda há dois anos, quando conheceu o serviço por uma propriedade vizinha.

“Não conseguimos ficar sem conectividade, tanto em relação às pessoas da fazenda quanto em relação às máquinas. Essa ampliação vai aumentar para a fazenda toda e já planejamos expandir para as outras propriedades e áreas industriais do grupo todo”, afirmou.

O Grupo Canel já está na região desde o final dos anos 1980, quando a família Bortolozzo, natural de Araraquara (SP), decidiu desbravar a região.

Atualmente, o projeto 4G TIM no Campo está presente em mais de 943 municípios de 15 estados diferentes.
Dal Forno afirma que a "Internet das Coisas", ou IoT, na sigla em inglês, está no centro da estratégia de expansão da TIM nos próximos anos. O agronegócio, hoje, é o segmento mais importante dentro desta estratégia, que engloba parcerias com diversas empresas, como é o caso da CNHi, fabricante de máquinas agrícolas. “As máquinas já estão saindo de fábricas conectadas”.

Outro projeto entre a empresa e a Case IH, marca da CNHi, é a da Fazenda Conectada, uma propriedade localizada em Água Boa (MT), que possui 100% das operações ligadas na antena da operadora. Lá, a TIM colhe dados que servem para ilustrar o impacto econômico da conectividade para uma propriedade agrícola.

Dal Forno mencionou ao AgFeed que a TIM também vê um mercado interessante para atuar na agroindústria, com redes privativas e soluções específicas para esse segmento da cadeia.

“Nossa ideia é trazer, assim como fizemos com a Canel, soluções que façam diferença no processo produtivo. A nossa estratégia engloba tanto em ser o habilitador do IoT no agro e em outras verticais quanto em trazer soluções finais para ajudar as empresas no processo de digitalização”, comentou o diretor.

A TIM também olha com muita atenção as iniciativas de internet móvel via satélite, que segundo Alexandre Dal Forno, vão ajudar muito a conectividade do campo – e, é claro, ampliar a concorrência no segmento.

“Existe uma evolução nas tecnologias e com certeza a TIM estará surfando nas novidades e apoiando o desenvolvimento”, disse.

A conectividade por satélite tem ganhado cada vez mais força desde o surgimento de soluções de empresas como a Starlink, do bilionário Elon Musk, que passou a vender serviços de internet rápida a partir de pequenas antenas e dispositivos.

No início do ano, a Starlink fechou parceria com a montadora americana John Deere, que passa a oferecer a possibilidade de instalação de pequenas antenas em suas máquinas agrícolas.

Esta semana, a CNH fechou parceria semelhante com a operadora Intelsat e deve passar a ofertar o serviço no Brasil ainda este ano.

Segundo Caio Bortolozzo, as antenas móveis são a “moda do agro do Matopiba”, onde é comum ver camionetes com os aparelhos acoplados. “Os agrônomos viajam e conseguem sinal de celular onde estiverem”, contou Bortolozzo.