Se alguns Fiagros tiveram ou ainda têm problemas com inadimplência nos ativos que compõem os fundos, isso não parece ter afetado o apetite dos investidores pelo produto.
É o que mostra o boletim do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) sobre os instrumentos financeiros de crédito para o setor, divulgado nesta quinta-feira.
O chamado Boletim de Finanças Privadas do Agro, publicado mensalmente pelo Mapa, mostra que ao final do primeiro semestre de 2024, o patrimônio dos Fiagros cresceu quase 2,5 vezes, passando de R$ 15,6 bilhões em junho de 2023 para R$ 38,5 bilhões.
Entre os instrumentos que fazem parte do levantamento, os fundos tiveram o maior avanço em um ano, com folga. Mas outros tipos de emissões também registraram crescimentos importantes.
A Cédula de Produto Rural (CPR), bastante utilizada para concessão de crédito a produtores rurais, teve avanço de 36% no estoque em um ano, chegando a quase R$ 352 bilhões.
Recentemente, a E-agro, plataforma do Bradesco que oferece produtos e serviços para o agronegócio, passou a usar CPRs para financiar a compra de máquinas, em uma parceria com a Massey Ferguson. Uma amostra de como o produto tem sido cada vez mais utilizado por bancos e até mesmo por fintechs que atuam no setor.
Outro número que mostra o interesse crescente do mercado de capitais no agronegócio é o volume de emissões de Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA).
Em um ano, o estoque desse tipo de dívida cresceu 26%, superando a marca de R$ 140 bilhões ao final de junho de 2024.
O crescimento dos Fiagros ajuda a aquecer as emissões de CRAs, já que os fundos são grandes compradores desses títulos emitidos por empresas de toda a cadeia do agronegócio, inclusive agroindústrias.
O CDCA, mais utilizado por cooperativas, movimenta um volume menor no mercado, mas também cresceu em um ano. O avanço foi de 8%, com o estoque chegando próximo dos R$ 33 bilhões.
Do lado do sistema financeiro, as emissões feitas por bancos com as Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) tiveram avanço de 12% em um ano, superando os R$ 472 bilhões.
Melhores Fiagros do semestre
Enquanto as captações dos Fiagros continuam demonstrando força, no que diz respeito ao retorno, há uma diferença bastante grande entre os fundos.
Segundo levantamento feito pela Quantum Finance, o melhor resultado entre os dias 2 de janeiro e 15 de julho deste ano, com folga, foi do Inter Amerra Fiagro FII, um fundo agrícola imobiliário que rendeu mais de 32% no período.
O segundo melhor rendimento foi do Fiagro da gestora Sparta, com 18,5%. O outro fundo a oferecer retorno de dois dígitos foi o da Nex Gestão de Recebíveis, que rendeu quase 14% no ano até 15 de julho.
Completam os cinco maiores retornos do ano os fundos da Suno, com retorno de 6,3%, e um dos fundos lastreados em fazendas da 051 Capital, neste caso da Fazenda Tabuleiro I, na Bahia, com rendimento de 6%.