No mercado financeiro, quando se fala em Pátria Investimentos, a primeira reação é pensar nas participações em empresas via fundos de private equity, em concessionárias de infraestrutura e fundos voltados para grandes investidores.

A partir desta sexta-feira, 1º de setembro, a gestora quer passar a ser reconhecida também por ser uma das pontes entre o agronegócio e o pequeno investidor. Para isso, lança seu primeiro Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais, ou Fiagro.

Segundo Alexandre Coutinho, sócio responsável pelas operações de crédito do Pátria, o objetivo é captar R$ 250 milhões na primeira rodada.

O lançamento acontece durante o evento XP Expert e marca a entrada da gestora em um mercado que já girou R$ 5,3 bilhões em emissões em 2023, até julho, e R$ 7,2 bilhões no ano passado, segundo dados da Anbima.

O investimento mínimo para entrar no Fiagro do Pátria será de R$ 1 mil. “Será um fundo de renda, pagando dividendos mensais. O rendimento projetado é de CDI (indicador de juros muito próximo da taxa Selic) mais 3% a 3,5% ao ano”, conta Coutinho.

O fundo será distribuído aos investidores somente pela XP. E representa mais um passo na estratégia do Pátria de ter produtos voltados ao pequeno investidor.

Sobre a estratégia do fundo, Coutinho afirma que, no primeiro momento, haverá muitos títulos lastreados em recebíveis de empresas do agronegócio.

“Isso nos permite ter um fundo bem pulverizado, em termos de risco, tanto quando se pensa em cultura quanto quando se fala de distribuição geográfica”, diz o sócio do Pátria. “Nós sabemos que o setor tem suas particularidades, tem a questão climática, mas estamos montando essa estrutura para amenizar essa exposição”.

Neste primeiro momento, os segmentos que estão na mira do Fiagro do Pátria são grãos, proteína animal, café e hortifruti.

Depois do lançamento, Coutinho projeta que o fundo conclua a alocação dos seus recursos em um período de três a quatro meses. “A partir daí é que o fundo deve realmente oferecer o retorno que projetamos”.

Ele afirma que vai aguardar o comportamento do investidor nesta abertura do fundo para pensar em alguma oferta adicional. “Mas claro que há essa possibilidade”, diz Coutinho.

Para o sócio do Pátria, o desafio de se montar um fundo que atenda os pequenos investidores passa também pelo nível de risco oferecido.

“Por se tratar de um fundo de renda, temos que ter sempre um cuidado especial. Nesse caso, não queremos ser super conservadores, porque com esse perfil já há muitos produtos no mercado. Mas também não podemos ter uma alta relação risco/retorno. Tentamos ter um risco bem moderado, com taxa atraente”, explica.

Pátria no agro

Este é o primeiro Fiagro, mas o Pátria tem uma atuação já consolidada no agronegócio, com R$ 5 bilhões investidos em 12 anos de atuação.

A gestora tem participação na Lavoro, distribuidora de insumos agrícolas que negocia ações na Nasdaq, bolsa de Nova York mais focada em empresas tecnológicas.

A entrada do Pátria no agro se deu em 2011, com a compra de uma fatia na Agrichem, de fertilizantes. Desde então, a gestora criou a holding Crop Care, que controla marcas como Agrobiológica, Cromoquímica e Union Agro, de defensivos, além de deter participações na Microgeo, de fertilizantes biológicos, e nas distribuidoras de insumos Agroline e Casa da Lavoura, além de investir na Frooty Açaí e AC Café, de alimentos.

Coutinho ressalta que os fundos não terão recebíveis das empresas investidas pelo Pátria, para não correr riscos de conflito de interesses.

Sobre o setor, o sócio do Pátria acredita que a queda recente nos preços das commodities foi exagerada. “Assim como a alta vista nos anos anteriores, principalmente após o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia, também foi exagerada”.

Ele avalia que ainda há um espaço muito grande para o agronegócio crescer dentro do mercado de capitais.

“Tem estudos que falam em R$ 1 trilhão por ano em necessidade de capital pelo setor. E o mercado de capitais atende cerca de um terço disso. Pelo menos no crédito, que é a área onde atuo, ainda tem muito espaço para crescimento”.