O primeiro Fiagro estatal está prestes a sair do papel - e já, na largada, com dinheiro no bolso.

Com meta de captação de R$ 2 bilhões, o fundo já nasce com R$ 350 milhões aportados pelo governo paranaense, por meio da Fomento Paraná, o banco de desenvolvimento local.

A ideia, segundo apurou o AgFeed, é financiar o agro local. De acordo com Eduardo Bekin, presidente do Invest Paraná, serão contempladas empresas industriais do estado em segmentos como máquinas agrícolas, silos, pivôs de irrigação e até de veículos.

“O Fiagro é destinado exclusivamente para investimento, só Capex, e vamos privilegiar a indústria paranaense. Os recursos não irão nem para custeio nem para compra de terras”, afirmou ao AgFeed.

Os detalhes do Fiagro foram apresentados pelo governador paranaense Ratinho Júnior. na noite desta quarta, 11 de dezembro, em Brasília, durante o jantar de fim de ano da Frente Parlamentar Agropecuária (FPA).

O governador já iria ao evento, onde seria homenageado, mas aproveitou a ocasião para divulgar a iniciativa do fundo.

“Como tudo ficou pronto há alguns dias e lá estará todo o agro brasileiro, vamos mostrar o que estamos fazendo. Não é todo dia que alguém coloca R$ 2 bilhões para financiar a agricultura com taxas inferiores ao Plano Safra”.

A gestora do Fiagro – e por consequência a encarregada de buscar o restante dos recursos no mercado de capitais – será a Suno Asset Management. A consultoria ficará por conta da Avra, empresa recém criada por Octaciano Neto,  um dos maiores entusiastas do mercado de Fiagros.

Os R$ 350 milhões do Paraná serão alocados em cotas seniores, num custo de 4%. A ideia é, de acordo com Bekin, com os outros 80% do capital a serem captados no mercado, criar um blend de juros que fique abaixo das taxas do Plano Safra.

O AgFeed apurou que o financiamento ao produtor - que adquririr produtos junto às indústrias - poderá ficar em 9% ao ano.

A Suno tem 30 dias para apresentar o regulamento do Fiagro e a perspectiva é que ele já esteja operacional até fevereiro do ano que vem. O fundo terá uma duração de 10 anos, com dois ciclos de cinco anos.

O governo paranaense, por meio da Fomento Paraná, fez um chamamento público para selecionar o gestor do Fiagro em julho deste ano.

Na época, o órgão pontuou que o fundo serviria para “fomentar investimentos voltados à modernização tecnológica, aumento da capacidade de produção, melhorias na infraestrutura logística de armazenagem e promoção da sustentabilidade no agronegócio paranaense”.

O movimento dos estados em busca de financiamentos alternativos para a agricultura já tem acontecido desde o ano passado. O primeiro a se movimentar foi São Paulo.

Em entrevista exclusiva concedida ao AgFeed há um ano, o secretário de Agricultura e Abastecimento, Guilherme Piai, revelou que o governo estava em busca de R$ 1 bilhão para financiar a agricultura paulista.

A ideia era que o fundo paulista saísse no começo de 2024, mas foi postergado. Pelo que apurou o AgFeed, o governo paulista deve anunciar nesta quinta-feira um Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), com expectativa de captar R$ 500 milhões.