Grande parte do Brasil conheceu o Banco BS2 com seu logo estampado na camisa do time do Flamengo de 2019, campeão da Libertadores e do Campeonato Brasileiro. O agronegócio, porém, só começou a ver mais de perto a instituição há três meses.

Em maio deste ano, a instituição que já foi o antigo banco Bonsucesso oficializou sua entrada no atendimento ao setor e inaugurou uma plataforma comercial no Centro-Oeste, com sede em Goiânia (GO), e profissionais alocados também no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

O foco, segundo Jean Jorge Araújo, que atua liderando a área como superintendente da região Centro Oeste, é atender prioritariamente distribuidores e revendedores de insumos.

A chegada ao agro é uma consequência quase que obrigatória do posicionamento adotado pelo banco depois de pivotar sua operação em 2021, quando passou a atender exclusivamente empresas de médio porte. Com isso, a instituição se tornou o primeiro banco digital para empresas do Brasil.

“Dentro dessa estratégia, a expansão para o centro-oeste estava englobada, estava na mesa”, comentou o superintendente ao AgFeed.

O projeto foi colocado em prática apenas em abril deste ano. De lá para cá, a carteira de agro já conta com R$ 50 milhões e cerca de 30 grupos com conta aberta no BS2. Até o final deste ano, a ideia é chegar aos R$ 150 milhões.

O ticket médio desse produtor gira em torno de R$ 5 milhões, e o funding das operações é do próprio banco. Em 2022, a carteira total do BS2 era de R$ 1,4 bilhão espalhados em 109 mil clientes PJ.

Além das distribuidoras e revendas, também são atendidos produtores médios, com propriedades a partir de 3 mil hectares. “O grande produtor está bem assistido”, afirma Araújo. “Até podemos atendê-los, pois pensamos em soluções customizadas, mas o foco são os médios e as distribuidoras e cooperativas”, afirmou.

É nessa solução “customizada” que Araújo aposta como diferencial do BS2. Ele não considera os grandes bancos como BB e Bradesco como competidores, e, segundo o superintendente, o foco é ser “simples e útil”.

Com essa visão, o BS2 optou por não participar das linhas do Plano Safra. “Não é nosso foco de atuação. Se o plano financia algo em torno de 40% da demanda do agro brasileiro, focamos nos outros 60%”, comentou.

Para isso, o BS2 aposta em oferecer produtos diferentes, que não tenham, por exemplo, parcelas mensais, já que um revendedor tem dois ciclos mais claros de faturamento: a primeira e a segunda safra, também conhecida como safrinha.

“Considero o distribuidor e revendedor de insumos como o pulmão do nosso negócio. É ele que acaba sendo o ‘pequeno banco do produtor rural’, acaba bancando o produtor”, diz.

“Queremos ouvi-lo e entregar soluções mais customizadas para que ele consiga antecipar recebíveis, melhorar o fluxo de caixa e não só ir lá vender produtos”, afirmou.

Além de Araújo, a equipe focada em agro tem cinco funcionários espalhados pela região. A ideia é chegar aos 10, abrindo uma sede também em Brasília, para cuidar da região do chamado Matopiba.

Os três primeiros meses de atividade da área estão servindo, segundo o executivo, para colocar o banco no radar dos clientes.

Araújo conversou com a reportagem no estande do BS2 no Congresso da Andav, realizado em São Paulo nesta semana, e destacou que a presença em eventos como esse é fundamental para realizar essa agenda.

“As feiras são fundamentais para um posicionamento de marca no primeiro momento, mas acreditamos que a construção de um negócio agro só acontece sujando a botina. Mesmo sendo digitais, nossa equipe está no campo. Quando as pessoas me perguntam onde é minha base eu respondo que é um aeroporto”, disse Araújo.

O próprio histórico do superintendente foi importante na criação do segmento especializado em agro.
Natural de Dourados, no Mato Grosso do Sul, ele é neto de um pequeno produtor de grãos na região. Na vida profissional, tem mais de 20 anos de experiências profissionais em bancos.

Antes do BS2, passou 10 anos no Banco Safra, onde cuidou, nos últimos três anos, da região Centro Oeste. Antes disso, trabalhou no Banco Real, que foi comprado pelo Santander. Lá, rodou cidades como Campo Grande, Curitiba e Andradina, no interior de São Paulo.