Muitos pais e mães costumam dizer que seus filhos crescem rápido demais. No caso de duas empresas gigantes em seus segmentos que se juntaram para gerar uma nova companhia e diversificar suas receitas, esse rápido crescimento é real e muito bem vindo.

A Gerdau, gigante global da siderurgia, e a Randoncorp, que controla a Randon, maior fabricante de implementos para caminhões da América Latina, resolveram se juntar para fundar a Addiante, uma joint venture de locação de pesados como caminhões, máquinas e implementos para diversos setores.

“A Randon tem uma rede de 90 unidades de distribuição de implementos, que vendem e financiam carretas, mas que não ofereciam locação. E a Gerdau tem um parque de máquinas capaz de operar a logística de 7 mil equipamentos. Ambas tinham o objetivo em comum de diversificar seus negócios e formaram a Addiante”, conta o COO, ou diretor Operacional da companhia, Daniel Machado dos Santos, em conversa com o AgFeed.

A empreitada é recente. Foi lançada no final de 2022 e começou a operar efetivamente no início de 2023. “O plano de negócios foi desenhado em seis meses e a joint venture tem 50% de participação de cada uma das companhias”.

Santos conta que o mercado de locação de pesados vem crescendo em um ritmo de dois dígitos por ano há algum tempo e a Addiante foi formada para aproveitar essa oportunidade.

“Nós não temos loja física e estamos usando a rede de 90 distribuidores da Randon para oferecer a locação. Inclusive passamos a ser uma alternativa para a própria Gerdau, que não utiliza frota própria”.

O executivo não pode passar detalhes sobre faturamento e projeções, já que as duas controladoras são companhias de capital aberto. Mas ele revela que a frota da Addiante já conta com 1,4 mil unidades, entre caminhões, tratores e outros tipos de máquinas.

“A meta inicial era chegar em 2024 com uma frota de 300 unidades. Mas nós estamos vendo na prática como a demanda por locação de pesados está forte, especialmente no agronegócio”, afirma Santos.

A Addiante atua no modelo full service, ou seja, o contrato prevê que a empresa disponibilize ao locador todos os serviços necessários para operar a máquina.

“O prazo médio dos nossos contratos é de 50 meses (quatro anos e dois meses), mas temos alguns de 10 anos. E sempre temos operações no próprio local onde a máquina será operada, ou em um ponto próximo”, afirma o COO da empresa.

A locadora adota um modelo um pouco diferente para atender os cerca de 60 clientes que estão em sua carteira neste momento. “Não temos uma frota pronta disponível. Conversamos com o locador, entendemos a necessidade dele, e aí encomendamos a máquina para a montadora. Não temos parceria fixa com nenhuma delas”, revela o executivo.

Após a locação, a Addiante lidera a parte de serviços aos clientes. A locadora faz por exemplo a gestão dos sistemas de telemetria que são fornecidos pelas montadoras.

Sobre a renovação das máquinas, Santos afirma que os contratos preveem uma vida útil que pode variar entre 5 mil e 15 mil horas, a depender da finalidade e da intensidade de utilização.

“Também está previsto em contrato um índice de disponibilidade de pelo menos 95%, ou seja, a máquina só pode estar fora de operação por qualquer motivo em 5% do prazo total. Hoje, nós temos um índice de disponibilidade de 99%”, conta o executivo.

Sobre o potencial do agronegócio para a Addiante, Santos afirma que o produtor rural tem uma visão de negócios apurada e, por isso, a locação de máquinas tem crescido muito.

“Mas ainda temos um enorme potencial para crescimento desse mercado. A idade média das máquinas no Brasil é de 15 anos e em caminhões essa média é de 21 anos”. Ele ressalta que a locação é uma alternativa que impacta muito menos o caixa do produtor rural, já que não demanda o desembolso de uma entrada na hora da aquisição.

A operação da Addiante é enxuta, com uma equipe de 60 pessoas, das quais 14 são consultores que viajam pelo país buscando oportunidades, e outros 12 funcionários que atendem os clientes de forma personalizada.