A gestora Kinea Investimentos iniciou a oferta pública para a captação de mais um Fiagro. Depois do KNCA11, o maior Fiagro da B3, e do KOPA11, a Kinea vai em busca de R$ 1 bilhão para trazer ao mercado o primeiro Fiagro do país atrelado ao dólar.

Com o código KDOL11, como será negociado na bolsa, o fundo se propõe a encarteirar operações de CRAs dolarizados.

A ideia da gestora é oferecer um produto exposto à moeda americana, usada como forma de investimento e reservas, ao mesmo tempo que também investe no agro brasileiro.

O fundo busca operações de high grade e quer trazer um retorno do investimento em dólar mais 5% ao ano para os investidores. A ideia é um pagamento mensal de dividendos, isentos de imposto de renda, por se tratar de um Fiagro.

“Essa é uma das poucas opções de investimento em dólar que possui essa característica de isenção de IR”, disse uma fonte próxima da gestora e da emissão.

A gestora viu uma oportunidade em surfar no universo dos CRAs dolarizados, que, mesmo regularizado há dois anos, ainda não tem tantas operações, disse ao AgFeed essa pessoa ligada ao management da Kinea.

O fundo será multisetoriale e deve abarcar CRAs de empresas de mais robustez dentro do agro.

“Pode ser uma empresa de qualquer cultura, mas que tenha um grau de profissionalização ou ser um produtor gigante já consolidado. São empresários acostumados com o dólar: já se financiam na moeda, exportam e tomam financiamento assim”, disse a fonte.

O investidor que quiser comprar cotas nesse momento de oferta pública terá de desembolsar no mínimo R$ 1 mil. Cada cota custará R$ 100.

Mesmo com o fundo atrelado ao dólar, toda operação para o investidor será em reais. A distribuição mensal dos rendimentos será vinculada às taxas de remuneração das operações, ou seja, o spread em relação ao dólar.

Para o investidor, o investimento é mais vantajoso se o dólar se valorizar frente ao real, já que o rendimento está justamente atrelado à variação cambial mais os juros.

Outra característica particular desse Fiagro é que ele terá um tempo de duração, e se encerra em sete anos. Com isso, a emissão, que pretende atingir R$ 1 bilhão, será única. Segundo a fonte que conversou com o AgFeed, a amortização deve acontecer nos últimos três anos de vida do fundo.

A gestora já administra atualmente o maior Fiagro do país, o KNCA11, o maior da B3 em volume de recursos, segundo dados da Anbima.

Com R$ 2,2 bilhões de patrimônio líquido, 40% a mais do que o segundo do ranking, e cerca de 60 mil cotistas, o fundo está terminando de alocar os recursos da sua quarta emissão, que foi captada ao longo do segundo semestre de 2023.

São mais R$ 770 milhões levantados com essa emissão, de acordo com o co-gestor do fundo, tornando-se assim a maior série do fundo. O dinheiro foi alocado em ativos nos últimos meses, e na reta final, já em dezembro, foram colocados em três investimentos: em uma empresa esmagadora e trading de soja, uma companhia da indústria têxtil e outra de proteína animal.

A Kinea também lançou no ano passado o KOPA11, seu segundo Fiagro. Esse, segundo Alexandre Marco, gerente agro da Kinea e co-gestor dos dois primeiros fundos, tem um perfil mais robusto de operações, com empresas mais high yield.

Esse segundo fundo finalizou sua primeira captação em dezembro, levantando R$ 350 milhões.

A Kinea se vê preparada para atuar na nova avenida de crescimento dos Fiagros, de olho na regulamentação definitiva, que deve possibilitar novos arranjos na composição de fundos, a possibilidade de incluir CPRs e até mesmo trazer investimentos de venture capital para o investidor pessoa física.

"Estamos sempre buscando alternativas de novos produtos que fazem sentido para o mercado. Olhamos para outros fundos e alternativas que devemos explorar ao longo de 2024. Não vamos ficar nos dois atuais, pois queremos diferenciar os produtos e atender a base de investidores que temos", afirmou Alexandre Marco há algumas semanas.

Marco conversou com o AgFeed no começo de janeiro, e adiantou que a empresa deveria lançar novos fundos ao longo de 2024, e declarou que já cogitava atuar com CRAs em dólar.

Procurada para comentar sobre o terceiro fundo, a Kinea informou que está em período de silêncio.