“No agro, o boca-a-boca é o que está mais presente”. Mariana Zuccaratto, analista de Conhecimento Agro do Itaú BBA, sabe bem o poder da palavra de um produtor rural pata influenciar outro produtor.

“Eles querem ouvir a opinião de outras pessoas, e ouvir o vizinho dizer que fez a governança e deu certo. Para eles isso é muito mais valioso do que a gente falar ‘vocês deveriam fazer isso’”.

Por isso, nos últimos meses, Mariana tem percorrido diversas regiões do Brasil para conversar com agricultores e pecuaristas. E também gravar seus depoimentos.

Eles serão a base da terceira fase da Academia de Governança Agro, projeto iniciado pelo banco há pouco mais de dois anos e que se tornou um dos mais robustos programas para levar conhecimento sobre gestão e governança para empresários rurais, sobretudo de pequeno e médio porte.

A nova temporada, em formato de uma série de vídeos, estreou em junho passado e trará, mensalmente, um episódio contando um case real, relatado em primeira pessoa em conversas moderadas por Mariana, que é também a responsável pela Academia, e sócios da consultoria Safras e Cifras, parceira do projeto.

Da colônia de Entre Rios, no Paraná, a Rondonópolis, no Mato Grosso, a equipe da série já esteve em três propriedades, cujos vídeos estão disponíveis no site da Academia. Até o fim da temporada, serão seis histórias.

“A gente acredita que, trazendo essas conversas, fica um pouco mais claro para quem assiste o que e como está sendo feito nas diferentes propriedades e qual que é a importância de fazer isso”, afirma.

A Academia de Governança Agro foi lançada em agosto de 2022. Na primeira fase, conta Mariana, a proposta do Itaú BBA foi construir uma base de conhecimento sobre governança para os produtores.

O projeto contou, então, com a expertise de Antonio Carlos Ortiz, ex-diretor de Clientes Produtores Rurais do próprio Itaú BBA e hoje sócio da AgroSchool. Foi construída a chamada Trilha Agro, que trazia conteúdos básicos sobre como estruturar a governança na propriedade, fazer gestão de riscos ou implementar ferramentas básicas, como balanço patrimonial ou demonstrativos de resultados.

No ano seguinte, o formato foi modificado para aprofundar os conceitos. Batizada de Prosa Agro, a temporada trouxe nove entrevistas com renomados especialistas de mercado. Nomes como Rodrigo Rodrigues, vice-presidente de Agro da consultoria Falconi, que tratou sobre controle e políticas, e o advogado Renato Buranello, presidente do Instituto Brasileiro de Direito do Agronegócio (IBDA) e colunista do AgFeed, que tratou de aquisição de terras.

A terceira fase recebeu o nome de Aprendendo com o Campo e traz as histórias de empresários rurais de diferentes regiões e perfis. No primeiro episódio da temporada, por exemplo, os irmãos Karl, Robert e Egon Milla, de Entre Rios (PR), explicam como organizaram a gestão do Grupo Ernest Milla Agrícola, criado por seu pai.

Hoje com propriedades também no Maranhão e no Piauí, os irmãos enfrentaram o desafio de organizar a sucessão do pai, falecido em 2021, ao mesmo tempo em que lidavam com a expansão da empresa.

No episódio mais recente, que foi ao ar esta semana, a protagonista é Deise Bissoni, diretora de Mercado e membro da segunda geração que começa a ocupar espaço na gestão do Grupo Botuverá, de Rondonópolis.

Na empresa, que atua com grãos e pecuária, a escala das questões era diferente: como o negócio havia sido fundado por cinco irmãos, a sucessão envolve um número maior de primos, exigindo a criação de holdings, conselhos familiar e de administração e estabelecendo regras claras para o plano de sucessão.

Os cases apresentados trazem empresas mais estruturadas, selecionadas entre os clientes do Itaú BBA. “São produtores que a gente vê como grandes referências em relação a gestão e governança”, afirma Mariana.

Segundo ela, embora a Academia seja voltada para produtores de menor porte, a ideia de trazer grupos maiores é demonstrar como a implementação de processos nessa área pode ajudar a promover o crescimento dos negócios rurais.

“A conversa sempre começa com eles contando como chegaram aonde estão, porque eles também já foram pequenos, já foram médios”.

Para Mariana, a nova temporada da Academia da Governança Agro marca a consolidação do projeto, que hoje já atinge produtores em todos os estados do Brasil, com exceção do Amapá.

“Quando a gente começou o projeto, nossa audiência estava extremamente concentrada em São Paulo. Hoje já é muito mais pulverizado, com muitos inscritos nas cidades do interior. A
gente vê que está chegando bem mais longe”.