Como ressaltam todos os agentes da cadeia, o crédito é fundamental para que o agronegócio continue produzindo. O financiamento para compra de insumos é um dos principais instrumentos financeiros utilizados pelos produtores rurais.
Para a Farmtech, fintech que oferece serviços para facilitar as operações de crédito entre indústrias, revendas e produtores, a entrada de novos recursos pode ser o estopim de uma nova fase acelerada de crescimento dentro desse nicho.
A empresa acaba de receber uma injeção de US$ 10 milhões (cerca de R$ 60 milhões no câmbio atual), investidos pela gestora Bewater. Com ela, o fundador e CEO da Farmtech, Rafael Pilla, espera colocar em ação um plano para multiplicar tanto a base de parceiros, hoje em torno de 120, quanto o volume de crédito gerado pela companhia.
“O plano é crescer em até 10 vezes o número de empresas parceiras nos próximos anos. Em termos de crédito, hoje temos cerca de R$ 7 bilhões, e os nossos parceiros têm faturamento somado de R$ 200 bilhões por ano. Tem um espaço grande, e acho que podemos ampliar em cinco vezes esse volume”, diz Pilla.
Assim, o potencial da Farmtech para os próximos anos, segundo seu fundador, é chegar a até 1.200 revendas e indústrias fornecendo crédito para os produtores clientes, e a cerca de R$ 35 bilhões em estoque de crédito.
“Nós já temos 12 das 15 maiores revendas como parceiras, as principais indústrias também estão conosco, além de algumas indústrias de porte médio. Desde 2022, começamos a atender revendas médias, mas com algum cuidado, por conta do momento vivido pelo agronegócio como um todo”, conta o empresário.
Mas as revendas médias são o grande alvo no ciclo de crescimento após a entrada dos recursos da Bewater, que deve começar efetivamente a partir de 2025.
“Vamos utilizar esse dinheiro principalmente para ampliar a equipe, com expansão da nossa área comercial, e para lançar novos produtos, de acordo com as particularidades de cada parceiro”, diz Pilla.
Um dos segredos para aumentar a presença da Farmtech entre as revendas de médio porte, segundo o CEO, é conhecer bem o mercado, principalmente pelo relacionamento que a empresa tem com a indústria de insumos agrícolas.
“Nós já financiamos cerca de 2.200 revendas, conhecemos bem o mercado, sabemos quem tem boas práticas. Isso facilita muito na hora de escolher com quem vamos trabalhar”.
Ele ressalta que o momento atual do agronegócio, com alguns produtores enfrentando problemas de caixa e atrasando pagamentos de vendas à prazo, não pode ser classificado como crise.
“Nós tivemos anos excepcionalmente bons até 2022. Agora é um momento de baixa, mas nós já vivemos crises, e esse momento não se encaixa nisso. As revendas que têm problemas acabam virando notícia, mas a grande maioria das empresas é muito sólida”.
Velhos conhecidos
Pilla conta que conhece os fundadores da Bewater há muitos anos e destaca o histórico empresarial de cada um como um diferencial da gestora.
Carlos Degas Filgueiras foi CEO e sócio da empresa de educação Adtalem por mais de 15 anos. Fabio Armaganijan foi diretor Operacional, ou COO, da Kraft Heinz nos Estados Unidos. Guilherme Weege foi CEO e presidente do Conselho do grupo Malwee.
Weege vai fazer parte do conselho da Farmtech. “Com esta parceria colocamos oficialmente a Farmtech no venture capital track. Temos uma confiança muito grande no Rafael Pilla, por toda a sua expertise e conhecimento e pretendemos lançar novos produtos, além de aprofundar a nossa presença no financiamento ao varejo no agro”, diz o empresário.
O CEO da Farmtech conta que, até a entrada da Bewater na sociedade, a opção dele e dos outros sócios era promover crescimento reinvestindo o próprio lucro.
“Nós percebemos que havia uma oportunidade de acelerar o processo de crescimento, então fechamos esse aporte com uma gestora que está alinhada com os nossos propósitos”.
Agora, Pilla não descarta novos investidores entrando na Farmtech. “Tudo depende da oportunidade. Se acharmos que é necessário, vamos receber novos aportes”.