O mês de junho representa a reta final do calendário agrícola, já que a safra 2022/2023 para o crédito rural termina no próximo dia 30, mas um dos maiores sistemas de cooperativas de crédito do país, o Sicoob, garante que o período segue agitado, com aumento de demanda.
O gerente nacional de agronegócios do Sicoob, Raphael Silva de Santana, acredita que o banco vai bater os R$ 50 bilhões em estoque de crédito rural até o fim do mês.
“Fechamos maio com algo em torno de R$ 48 bilhões. E mesmo estando no fim da safra, a demanda em junho costuma continuar aquecida. Na safra passada, fechamos R$ 1 bilhão em operações somente no último dia útil”, conta Santana.
Ele conta que as últimas três safras foram “fenomenais” para o Sicoob. Nesta que está chegando ao fim, o crescimento da carteira de crédito é de 47% em relação ao período anterior.
“Nas duas anteriores, o crescimento foi parecido. Nós estamos ganhando participação de mercado. Nesta safra, crescemos mais que o dobro da média de mercado, que está em 22%”, conta Santana.
O Sicoob costuma alternar a liderança entre os sistemas de cooperativas de crédito com o Sicredi, ambos seguidos da Cresol, que também vem crescendo.
Atualmente, o Sicoob conta com mais de 7,1 milhões de cooperados, dos quais 430 mil são produtores rurais. “Acontece que este é o público com maior força financeira dentro do Sicoob, são mais capitalizados”, diz Santana.
Ele lembra que a atuação do Sicoob no crédito rural é bem tradicional, já que a grande maioria dos cooperados é pessoa física.
“Temos 98% de produtores rurais que fazem operação com CPF mesmo. Temos poucos CNPJs. Algumas cooperativas, claro, mas também temos usinas e outras empresas do setor. Mas nossa atuação é mais direta com o produtor”.
Este perfil mais tradicional também aparece na forma de operação do Sicoob. Santana afirma que o sistema tem a maior presença física entre os agentes de crédito rural. “São mais de 2.700 agências que trabalham nesta linha. E elas estão espalhadas em todas as regiões do país”. As atuações mais fortes são no Sudeste, Centro-Oeste e Sul.
Em relação à origem dos recursos, mais da metade das operações são subsidiadas ou realizadas com linhas do BNDES. “Somos o maior repassador de Funcafé entre os bancos. As maiores culturas dentro da nossa carteira são pecuária, cana e café.
Pensando também neste público, o Sicoob lançou recentemente seu ambiente de home broker, para que os investidores possam ter acesso a negociação de ações e de outros instrumentos do mercado de capitais.
Valeska da Silva Odorico, gerente comercial de investimentos e previdência do Sicoob, conta que a ideia do home broker veio de uma demanda dos próprios clientes. “Temos ampliado o número de cooperados, e com isso, o perfil também vai se diversificando”.
Ela afirma que um dos objetivos é evitar que o cooperado tenha que abrir conta em outro banco ou corretora para investir na Bolsa. “Nós já tínhamos um portfólio forte em renda fixa, e agora queremos dar mais esta opção ao cooperado”, diz Odorico.
Segundo o Sicoob, na próxima safra, a tendência é que os produtores optem por adiar os investimentos em máquinas e equipamentos. “Isso vai virar reserva financeira, e o home broker dá mais opções para aplicar estas reservas”, avaliou Raphael Santana.