A balança comercial do agronegócio brasileiro movimenta cerca de US$ 600 bilhões por ano – em 2022, as exportações atingiram US$ 334,46 bilhões e as importações, US$ 272,70 bilhões. Uma avalanche de dólares registradas em milhares de transações, envolvendo um enorme contingente de empresas.

Como um banco de câmbio, o Braza Bank não fica alheio a esse movimento. A instituição elegeu o agronegócio como um dos principais pilares para crescer nos próximos anos, baseado principalmente nessa característica exportadora e importadora do setor.

Em 2022, do total de US$ 20 bilhões movimentados pelo banco, cerca de US$ 1 bilhão estiveram relacionados às operações de câmbio no agro, que incluem não apenas o chamado "câmbio spot", mas também o hedge cambial, quando exportadores e importadores se protegem contra o risco da oscilação no valor da moeda até a data de pagar ou receber de seus clientes.

"Acreditamos que vamos multiplicar por 20 este volume de transações no agro. Com isso o segmento sozinho será equivalente ao tamanho do banco que temos hoje”, afirmou o CEO do Braza Bank, Heber Cardoso, ao AgFeed.

O executivo destaca que o mercado cambial do agronegócio esteja hoje em torno de US$ 250 bilhões, por isso busca "ter 10% deste total daqui 2 ou 3 anos.

A movimentação do Braza Bank como um todo, envolvendo os demais segmentos, foi de US$ 19 bilhões no primeiro semestre de 2023, um crescimento de 84% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo Cardoso.

Ele projeta que este ano o agro alcance entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões na carteira do Braza Bank.

"Se você é do agro, você é global 'por osmose’, porque de alguma forma você exporta ou importa”, diz o CEO.

Formado em Comércio Exterior e natural do interior de São Paulo, Cardoso diz ter 20 anos de atuação junto ao agronegócio, tendo trabalhado em empresas como Stone X e participado de um processo de spin off que deu origem a outra empresa de informações voltadas ao setor, a Hedge Point.

"O agro tem mostrado um aumento de produtividade absurdo, uma evolução tecnológica enorme, mas ainda há oportunidades de expansão no aspecto financeiro e na gestão de risco", destacou o executivo.

Na opinião de Cardoso, embora esteja evoluindo, "e a Faria Lima diga que está colocando a botina", o agro e o financeiro ainda não falam a mesma língua.

Com a experiência que tem no setor, o executivo espera contribuir para que o Braza Bank avance nos serviços oferecidos ao agronegócio.

Na conversa com o AgFeed, ele admitiu que ainda este ano é possível que o banco passe a operar também com operações de hedge além da questão cambial, o que poderá, por exemplo, incluir a gestão de risco voltada aos preços das commodities agrícolas, o que as corretoras costumam fazer operando contratos na Bolsa de Chicago.

O Braza Bank, embora tenha sido fundado por um brasileiro, começou em 2007 na Inglaterra como instituição de pagamentos e somente em 2013 virou banco. Hoje o Braza UK faz parte do mesmo grupo que o banco de câmbio.

"Como somos regulados na Inglaterra, as empresas brasileiras têm contas conosco lá, conseguem receber na conta lá fora. A quantia fica em dólar ou euro e depois internaliza à medida que houver a necessidade, ou mesmo paga lá mesmo pelo fertilizante, por exemplo, isso simplifica a vida de quem está inserido no mercado de exportação e importação. Este é o nosso diferencial", destacou o CEO do banco.

Em agosto o Braza Bank foi patrocinador do Congresso Brasileiro de Fertilizantes, promovido pela Anda, associação que representa as indústrias do setor.

"Como 50% do que o Brasil exporta e importa é agro, o Braza Bank sempre foi forte neste mercado", afirmou. "Nosso crescimento vai se dar entrando pelo supply chain com soluções financeiras, de financiamento, soluções de gestão de risco do preço das commodities, além do cambio".

O executivo avalia que “hoje estamos vendo 1% do que será o agro financeiro nos próximos anos”. Ele vê maior presença no mercado de capitais e na emissão de dívidas, por exemplo.

"PIX e DREX, tudo isso vai avançar também pelo agro”, diz. “Já se vê projeto de tokenização dos produtos comercializados no agro. Facilita conectar contratos tokenizados com financiamentos e gestão de riscos”, acrescentou.

No inicio do mês o Braza Bank lançou uma plataforma multimoedas, chamada Braza On, que vai permitir abastecer contas em dólar, euro, libra, dólar canadense e real. A expectativa é de que o agro também seja um setor beneficiado pelo serviço.