O objetivo de toda startup é “passar de fase”, ou seja, crescer a ponto de se tornar uma empresa de porte maior.

A plataforma Bloxs, que começou atuando somente com investimentos via crowdfunding, agora já faz operações diretamente no mercado de capitais. E quer ampliar essa diversificação para chegar aos R$ 3 bilhões em originação de operações para o agronegócio até o fim de 2023.

Até o início de setembro, a plataforma acumulava R$ 2,6 bilhões em volume de ativos do agronegócio que chegam à Bloxs e podem se transformar em emissões de instrumentos de crédito, como CRA ou CPR.

No ano passado, a plataforma teve um total de R$ 1,66 bilhão em originações. “Deste total, cerca de 10% acabam se transformando efetivamente em emissões, depois de passar pela nossa análise. No começo, esse índice estava em 2%”, conta Ricardo Vasconcellos, CRO da Bloxs.

O CRO, ou Chief Revenue Officer, é responsável por todas as áreas de uma empresa que têm como objetivo gerar receitas.

Segundo Vasconcellos, a Bloxs ainda é mais conhecida no mercado por sua atuação como crowdfunding, dando acesso, para os pequenos investidores, a ativos mais alternativos, que só podiam ser acessados por institucionais.

“Nós agora estamos mudando o nosso posicionamento. Somos um ecossistema de acesso ao mercado de capitais, inclusive para o agronegócio, que tem tanta demanda por recursos”, diz o CRO.

Das operações realizadas pela Bloxs, cerca de 57% correspondem a CRAs e CPRs. “Nós temos outras alternativas, como uma operação direta com um investidor, e até venda de participação”, explica Vasconcellos.

No agronegócio e nos outros segmentos em que atua, a Bloxs atende principalmente produtores rurais e empresas de pequeno e médio portes. Por isso, cada operação raramente supera os R$ 120 milhões.

“Esse é um mercado que geralmente não é atendido pelos grandes bancos e nós não queremos concorrer com eles”, diz o executivo da fintech.

Assim, as taxas de juros nas operações que são efetivamente colocadas no mercado variam de CDI mais um prêmio entre 5% e 10%. “Quanto mais garantias sólidas estiverem envolvidas, menor a taxa. Já conseguimos CDI mais 3%. Mas com terras na garantia, por exemplo”.

Vasconcellos conta que a Bloxs atua por meio de parcerias para buscar fundos e investidores para os pedidos que chegam à plataforma.

“Nós temos cerca de 700 gestoras mapeadas para buscar o perfil de investidor que está interessado neste tipo de operação”.

A Bloxs atua também na estruturação de emissões no mercado. No ano passado, foram R$ 440,3 milhões em operações estruturadas, com quase 40% de CRAs.

Em 2023, a Bloxs está próxima de bater os R$ 500 milhões em estruturações antes do fim de setembro, com mais de 55% em CRAs.

A fintech tem forte atuação também nos setores imobiliário e de infraestrutura. Contando as três áreas, a Bloxs está com 20 captações em andamento no mercado, segundo Vasconcellos.

O aporte feito pela Domo Venture Capital, em 2020, serviu para que a Bloxs investisse pesado em tecnologia, o que continua sendo a prioridade, já que todo o processo é feito online.