O mercado de investimento coletivo, ou equity crowdfunding, tem a missão de quebrar tabus e de acostumar o brasileiro a alternativas de maior risco na hora de aplicar dinheiro.
Esta é a visão de Henrique Galvani, diretor Operacional e cofundador da Arara Seed, plataforma voltada para buscar investidores para startups do agronegócio.
Galvani também comanda uma startup, já que a Arara Seed iniciou suas operações há pouco mais de um ano. “Neste momento, estamos na terceira rodada de captação, e estamos preparando uma quarta, para uma empresa de biotecnologia”.
A rodada em andamento envolve a startup Velos, focada em telemetria agrícola. O objetivo da operação é captar R$ 400 mil com investidores. “Eles já tinham conseguido R$ 950 mil com um fundo, e nos procuraram para essa outra parte no crowdfunding”, diz Galvani.
O executivo afirma que a Arara Seed tem uma lista com mais de 200 startups aptas para captar pela plataforma. O objetivo é investir em 100 empresas até o final de 2030.
Para chegar lá a Arara precisará de recursos. “Hoje, eu tenho uma base de 150 investidores ativos. Temos que aumentar essa base antes de ter um ritmo maior de operações”, diz Galvani.
Assim, a própria Arara Seed vai realizar uma nova rodada de captação em 2024, depois de receber um primeiro aporte de R$ 500 mil. “Estamos esperando R$ 1 milhão nessa próxima rodada, que serão utilizados principalmente para aumentar nossa equipe”, explica. Galvani afirma que a operação deve ser realizada na metade do próximo ano.
Ainda em 2023, a plataforma vai lançar uma nova opção de investimento. Em novembro, a Arara planeja iniciar uma captação de dívida para uma startup, que não envolve participação acionária na empresa.
“Chegam casos em que o empresário precisa captar dinheiro, mas não quer diluir a participação dos sócios. Então vamos fazer esse novo tipo de operação, baseada em recebíveis da startup”, diz o diretor da Arara.
Nesta primeira captação, a taxa oferecida aos investidores será composta pela taxa básica de juros, a Selic, mais um adicional de 4% ao ano.
“A vantagem deste produto é que ele tem uma saída de curto prazo. Enquanto nas operações de compra de participação, ficamos até 10 anos no capital da empresa, na dívida, o prazo é de dois anos, com pagamento mensal de juros”, diz Galvani.
Apesar de iniciar com startups, a emissão de dívida também é viável para produtores rurais, público que também está na mira da Arara Seed.
Além deste novo produto, mais familiar para quem já investe no mercado de capitais, a disseminação no mercado também faz parte da estratégia. “Estamos estudando parcerias com corretoras para ofertar as nossas captações, algo facilitado pela regulação da atividade pela CVM”, diz Galvani.
Ele calcula que o ticket médio dos investidores é de R$ 17 mil, mas lembra que um investidor já consegue entrar nas operações da plataforma a partir de R$ 1.000.
“Temos a meta de chegar a 5 mil investidores em três anos. Se conseguirmos uma média de R$ 10 mil por investidor, teremos R$ 5 milhões para colocar em startups”, projeta.
Entre os segmentos mais promissores dentro do agronegócio, Galvani aponta, além dos biológicos, empresas de rastreabilidade de alimentos e fintechs.
“O setor é muito carente de crédito. Então, startups que atuam regionalmente, entendo as necessidades do produtor daquela região, têm muito potencial de crescimento”.
Inovação em Ribeirão Preto
Sediada em Ribeirão Preto, um dos polos mais importantes do agronegócio em São Paulo e no Brasil, a Arara Seed organiza, entre os dias 17 e 22 deste mês, a Agro Innovation Week.
Segundo Galvani, outros eventos com foco em inovação são voltados para executivos de grandes empresas. Para ter um perfil diferente, a Arara foi atrás de patrocinadores.
“Um fundador de startup não tem R$ 10 mil para se inscrever em um evento. Esse modelo permitiu que os empreendedores participem sem custo”.
Entre os dias 17 e 19, serão realizados painéis e rodadas de apresentações, inclusive com palestra do CEO da Atvos, Bruno Serapião no primeiro dia.
No fim de semana, entre os dias 20 e 22, será realizado um hackaton, em que serão apresentados problemas a serem resolvidos pelas startups.
Haverá um prêmio de R$ 20 mil, além de uma vaga em um programa de aceleração aqui em Ribeirão”, conta Galvani.