A safra recorde do Brasil e os prêmios negativos na exportação, que aumentaram a competitividade da soja produzida aqui, estão confirmando as previsões feitas desde o início do ano de que 2023 seria um período de recordes para as exportações de grãos.
A estimativa divulgada nesta terça-feira pela Anec – Associação Nacional dos Exportadores de Cereais – com base em dados de line up (fila de navios nos portos) mostra que no mês de dezembro o Brasil poderá embarcar até 3,9 milhões de toneladas, mas utilizou o volume de 3,447 milhões de toneladas para prever que o resultado do ano alcance 101 milhões de toneladas de soja.
Se confirmado, o resultado será um novo recorde para as exportações brasileiras do produto e ficará bem acima do que foi embarcado em 2022, que foi de 77,8 milhões de toneladas.
diretor da Anec, Sérgio Mendes, disse ao AgFeed que a principal explicação para o recorde nos embarques foi a super safra, à medida que o clima foi favorável na maior parte das regiões produtoras em 2022/2023.
Ele destacou que outra marca desta temporada será “o recorde combinado de exportações de soja e milho no mesmo ano”. Segundo Mendes, “isso jamais tinha acontecido antes”.
Historicamente, os embarques de soja se concentram mais no primeiro semestre e as exportações de milho ocupam mais espaço nos portos nos últimos meses do ano. Com a produção recorde nos dois produtos e a demanda aquecida no mercado internacional, ocorreu este comportamento atípico.
"Em 2024 essa situação dificilmente ocorrerá em função de uma estimativa de quebra na safra de milho", ponderou Mendes.
As principais consultorias do País têm projetado exportações de soja novamente em 100 milhões de toneladas para o próximo ano, já que o plantio está em fase final e houve um aumento na área semeada em relação ao ano passado.
Já no milho, a maioria aposta em uma queda de 20 milhões de toneladas na produção, principalmente pela expectativa de uma área plantada menor na segunda safra, semeada no início de 2024.
Em 2023, segundo a Anec, a exportação de milho deve totalizar 56,2 milhões de toneladas, bem acima das 44,7 milhões de toneladas do ano anterior. Somente neste mês de dezembro devem ser embarcadas 7,1 milhões de toneladas do grão.
O analista de mercado Vlamir Brandalizze destaca que, no caso da soja, outro fator que favoreceu o Brasil foi a produção menor nos Estados Unidos, e a quebra na Argentina, que enfrentou seca por duas safras seguidas. Enquanto isso, o Brasil batia recorde de produção.
No farelo de soja o Brasil também deve bater recorde de exportação, com 2,2 milhões de toneladas em dezembro e 22,5 milhões de toneladas no ano.
Para o trigo, a Anec prevê que o Brasil exporte menos este ano, caindo para 2,4 milhões de toneladas, ante 3,2 milhões embarcadas em 2022.