Brasília (DF) - O setor de bioinsumos movimenta globalmente US$ 14 bilhões e cresce, em média, de 12% a 13% ao ano. No Brasil, no último quadriênio, o crescimento do mercado foi quatro vezes maior que no mundo, o que tem impulsionado o avanço da América Latina.

No começo da década, a região representava 20% do mercado global de bioinsumos e a expectativa é que até o final deste período a fatia seja de 33%.

Mesmo com o crescimento interno acima da média global, entretanto, as empresas brasileiras do setor querem romper fronteiras na prospecção de novos negócios.

Para conquistar o bilionário mercado mundial, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a CropLife Brasil lançaram nesta terça-feira, 27 de maio, o Projeto Bioinsumos do Brasil.

“Precisamos ampliar a presença das empresas nacionais do setor no mercado internacional e essa será uma grande plataforma de exportação, inicialmente para países de clima tropical e da América Latina, mas também com especial atenção à União Europeia e aos Estados Unidos”, disse Eduardo Leão, presidente da CropLife Brasil, entidade que reúne empresas do setor.

As exportações brasileiras de bioinsumos movimentam cerca de US$ 90 milhões por ano e, segundo Leão, o primeiro passo será o mapeamento de oportunidades e desafios para quantificar o crescimento futuro.

Para o executivo, o Brasil leva vantagem sobre os demais países pela diversidade de culturas e de empresas no setor. “Temos desde empresas de grande escala como as de menor porte e com produtos para aplicações em todos os tipos de cultura”, afirmou Leão.

O Projeto Bioinsumos do Brasil prevê ainda participação em feiras e eventos, realização de rodadas de negócios, missões comerciais, promoção institucional e estudos de mercado.

Leão destacou que, mesmo com o crescimento e o fomento por parte do projeto, o uso de bioinsumos seguirá complementar aos defensivos químicos, à biotecnologia e às sementes melhoradas.

Para Jorge Viana, presidente da ApexBrasil, “a agricultura do Brasil está fadada a encarar esses desafios” como o do projeto em parceria com a CropLife Brasil. Ele destacou que o uso de bioinsumos é uma necessidade da agricultura global e o melhor caminho para atender as exigências do consumidor.

Segundo a CropLife Brasil, o País tem mais de 170 empresas produtoras de bioinsumos, com mais mil produtos registrados.

Levantamento da CropLife Brasil, em parceria com a Blink, divulgado no evento desta terça-feira, aponta que a taxa média de adoção de bioinsumos no País subiu de 23% para 26% da área plantada nacional na safra 2024/2025. A taxa é medida pela área cultivada vezes o número de aplicações.

No total, a área tratada com bioinsumos chegou a 156 milhões de hectares, alta de 13% no período, ante crescimento de 10% na safra anterior

A taxa média foi avaliada a partir de uma área plantada de 77 milhões de hectares. “É um porcentual que demonstra que temos potencial muito grande de crescimento e isso se dá pela conscientização ambiental e busca de produtividade, aliadas à tecnologia”, afirmou Leão.

Por segmento, a maior taxa média de adoção foi de bioinoculantes, que saiu de 54% para 56%, seguidos dos bioinseticidas, que chegaram a 30% na safra 2024/2025, ante 26%.

A taxa de uso de bionematicidas saiu de 23% para 24%, os biofungicidas foram de 11% para 13% e os solubilizadores de nutrientes foram de 3% para 4%.

Os bioinseticidas ainda são os produtos mais utilizados no setor, com 28% de participação, seguidos pelos bionematicidas, com 27%, biofungicidas, com 21%, inoculantes, com 16%, e, por fim, solubilizadores, com 7%.

“Na última safra, o mercado de proteção de cultivos, tanto de biológicos como de químicos, cresceu 7%. O segmento de bioinsumos avançou mais de 35%, consolidando-se como uma das tecnologias de maior expansão no agronegócio brasileiro”, disse o presidente da CropLife Brasil.

Maior cultura do País, a soja tem 62% de suas lavouras com uso de algum tipo de bioinsumo, de acordo com a pesquisa divulgada pela CropLife Brasil. No milho, o uso está em 23% e na cana-de-açúcar em 10% das lavouras. Já algodão, café, citros e hortifrútis têm 6% das lavouras com uso dos bioinsumos.

Resumo

  • O mercado global de bioinsumos cresce cerca de 12% ao ano, mas o Brasil tem se destacado com expansão quatro vezes superior à média mundial
  • O segmento já movimenta US$ 90 milhões em exportações e avança mais de 35% ao ano, superando o crescimento do mercado de defensivos químicos
  • Foco inicial do Projeto Bioinsumos do Brasil estará em identificar oportunidades em mercados de países de clima tropical, América Latina, União Europeia e Estados Unidos