Os sinais de reversão nas baixas importações de carne bovina brasileira pela China já começaram. O país asiático puxou o aumento de 54% dos embarques totais na primeira semana de maio, para 42,8 mil toneladas, na comparação com igual período de 2022.

Em dados oficiais do governo, contra a última semana de abril, os números também são superiores, dando a entender que ficou no passado o período de vacas magras que perdurou ainda por 40 dias mais após o fim do embargo (23 de março) ocasionado pela doença “mal da vaca louca”.

O futuro próximo ainda reserva vantagem para os frigoríficos exportadores correrem atrás de margens.

O boi vai tracionar lentamente, por conta da demanda avançando, levando em consideração o “boi China” - que carrega um prêmio, estando na média de R$ 270 a arroba -, e por hora as escalas de abates das indústrias estão folgadas.

Elas se aproveitaram para comprar enquanto em abril as vendas externas patinavam, porque o animal gordo de safra estava sobrando. Pagaram bem menos pela maior oferta, na casa de até R$ 260, em São Paulo, enquanto o boi comum, de mercado interno ou de destinos mais periféricos, desceu até os R$ 250 ou menos.

“Sim, ainda é uma atenuante para os frigoríficos no momento”, diz Maurício Palma Nogueira, consultor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária.

Ao menos ao longo de maio essa equação deverá ainda favorecer os frigoríficos, embora outro consultor, Gustavo Machado, da StoneX, veja que o “mercado pode estar começando a se equilibrar”.

Apesar de haver uma queda de 24% nos preços médios da carne exportada na comparação de abril contra abril de 2022, para US$ 4,455 mil, em dados da Secex, notoriamente puxada pelo China que persegue esse movimento desde o segundo semestre do ano anterior, os volumes embarcados em crescimento com preços menos agressivos de compra deixam os players exportadores mais confortáveis.

Yago Travagini, da Agrifatto, acrescenta um dado a mais, favorável aos frigoríficos: sem pressão de alta do boi, também estão tentando manter a queda de braço com os chineses. E estão conseguindo impor algum endurecimento à barganha proposta pela China.

Isto posto, pontua: “Estão sendo efetivados poucos negócios nos preços que os importadores estão oferecendo”.

Por trás disso, concorre o fato de que os estoques do maior comprador de proteína bovina brasileira vão começar a rarear e o resto final do segundo trimestre deve preparar o terreno para as empresas atenderem a maior demanda, que sazonalmente aumenta no terceiro.

Abril e acumulado

No mês de abril, as exportações de carne in natura e processada somaram 140,7 mil toneladas, com faturamento de US$ 626,9 milhões. Isso representa significativas retrações, respectivas, de 25% e 43%, conforme estatísticas da Secex reportadas na segunda, 8 de maio.

A China representou US$ 208 milhões e 40,9 mil toneladas, em expressiva baixa no comparativo anual, mas também sobre os meses anteriores, o que ajudou a ratificar a retração total as vendas brasileiras no primeiro quadrimestre de 2023, de 28% em receita (US$ 2,882 bilhões) e de 12% na quantidade (639,5 mil toneladas).