Cinco dias depois do Ministério da Agricultura e Pecuária informar sobre o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, o País segue em negociações para minimizar os efeitos da doença sobre as exportações de carne de frango.
Nesta quarta-feira, 21 de maio, a Rússia decidiu flexibilizar as restrições às importações de produtos avícolas do Brasil. Agora, estão suspensas as compras somente do Rio Grande do Sul, onde foi registrado o caso de gripe aviária em granja comercial.
Resumo
- A Rússia anunciou nesta quarta-feira que o embargo à carne de frango do Brasil ficará restrito aos produtos do Rio Grande do Sul.
- Mais três países confirmaram a "suspensão regionalizada", mas mercados importantes como a China seguem com as compras interrompidas em função do registro da gripe aviária.
- O Ministério da Agricultura informou que vai permitir, em caráter excepcional, a estocagem de carne de frango produzida pelos frigoríficos brasileiros em contêineres refrigerados.
A medida foi confirmada pelo site da Globo Rural, depois que o representante oficial do Ministério da Agricultura da Rússia no Brasil, Andrey Yurkov, fez um post, em seu Linkedin.
A Rússia não é um grande importador. Em 2024, teria sido o 25º principal destino das carnes de aves brasileiras, com 42,9 mil toneladas compradas, número 13 vezes menor do que o principal destino, a China, que comprou 562,2 mil toneladas no ano passado.
O protocolo que havia entre Brasil e Rússia previa o embargo para todo o território. Segundo Yurkov, além da restrição temporária de compra dos produtos, o serviço sanitário russo também suspendeu o trânsito das aves vivas provenientes do RS pelo território da Rússia.
Além disso, o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia (Rosselkhoznadzor) informou ter alterado o status dos frigoríficos brasileiros que produzem todos os produtos avícolas (incluindo ovos férteis) para um “regime especial”.
Yurkov explicou em seu post que, a partir da data da introdução dessas restrições, será obrigatório a coleta de amostras no modo de controle laboratorial reforçado de cada terceiro lote recebido de todos os frigoríficos brasileiros por um período de 3 meses.
Além da Rússia, mais três países adotaram hoje a suspensão regionalizada: Belarus, Armênia e Quirguistão.
China, África do Sul, México e União Europeia são os mercados que seguem suspensos e que possuem grande relevância para as exportações brasileiras, segundo os representantes da indústria.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil conta hoje com nove casos suspeitos da doença. Nenhum novo caso foi confirmado.
As investigações estão em criações comerciais em Ipumirim (SC), Aguiarnópolis (TO), e em aves de granjas de subsistências nas cidades de Chapecó (SC), Triunfo (RS), Gaurama (RS), Eldorado dos Carajás (PA) e Salitre (CE). Ainda existem dois casos em animais silvestres em Garopaba (SC) e Derrubadas (RS).
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Também mais cedo, o Mapa anunciou que vai permitir, em caráter excepcional, a estocagem de carne de frango produzida pelos frigoríficos brasileiros em contêineres refrigerados.
A medida é uma resposta a uma solicitação da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), e tem como objetivo aliviar a situação das empresas com exportações suspensas.
A ABPA disse que a medida é preventiva, já visando uma necessidade de ampliação da capacidade de estoques em algumas regiões produtivas do País. Algo semelhante havia sido feito em 2018, durante a greve dos caminhoneiros.