Com o avanço das indústrias de etanol de milho, o estado do Mato Grosso passou a ser o segundo maior produtor de etanol do Brasil, segundo dados da Bioind (Indústrias de Bioenergia de Mato Grosso), entidade que representa o setor, e do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).

Na safra 2023/2024, a produção total de etanol tanto de cana como de milho no estado atingiu 5,72 bilhões de litros, volume 32% maior do que na safra anterior e recorde para o estado.

No ranking nacional, o estado de São Paulo segue na liderança com uma produção de 12,4 bilhões de litros, avanço de 3,8% frente à temporada 2022/23.

O estado de Goiás, que produziu 5,1 bilhões de litros na temporada 2022/2023, encerrou a última safra com uma produção de 5,55 bilhões de litros.

No etanol de milho, o Mato Grosso já é o maior produtor do Brasil. Do total produzido no estado, 4,54 bilhões de litros vieram do cereal e o restante da moagem de cana. Nas estimativas das organizações, cerca 72% do etanol de milho nacional é feito em Mato Grosso.

Deste volume, 3,73 bilhões de litros foram de etanol hidratado (biocombustível que vai direto para as bombas), e 1,99 bilhão de litros de anidro (produto que é adicionado à gasolina).

Segundo um comunicado da Bioind, o crescimento da produção total de etanol foi resultado do aumento da capacidade produtiva das usinas, com ampliação das já existentes e pela construção de novas plantas, além da melhor performance das indústrias do estado.

"Com esse resultado, Mato Grosso se consolida como um dos grandes polos da bioenergia no Brasil, a indústria do futuro sustentável e da transição energética, e um dos motores do desenvolvimento econômico nacional nas próximas décadas”, afirma o presidente do Bioind MT, Sílvio Rangel, em nota.

Para a safra atual (2024/2025), a expectativa do Imea é que a produção total de etanol alcance 6,3 bilhões de litros no estado, avanço de 10,03% em relação ao realizado nesta safra. Deste volume, 5,2 bilhões de litros devem vir do milho e 1,08 bilhão, da cana-de-açúcar.

Grandes indústrias do estado estão acelerando seus investimentos para aumentar a produção do etanol de milho. Enquanto a Inpasa está destinando R$ 3 bilhões para aumentar plantas atuais e construir duas novas unidades, a FS prevê mais três fábricas e mira o mercado de SAF.

Dentre os subprodutos gerados a partir da produção de etanol, o DDG, utilizado na ração animal bovina, atingiu uma produção de 2,12 milhões de toneladas. Na safra anterior, foram 1,6 milhão de toneladas produzidas.

Segundo a Bioind MT, a maior parte do consumo, 35,5%, ficou no próprio estado. Os outros principais mercados foram Minas Gerais (31,4%), seguido por São Paulo (14,7%), Paraná (12,6%), Goiás (11,6%) e Mato Grosso do Sul (10%).

Já a moagem de cana mato-grossense atingiu 17,65 milhões de toneladas, com 12 milhões de toneladas destinadas à produção de etanol e 5,5 milhões de toneladas para a produção de açúcar. A produção total do adoçante no estado atingiu 537,6 mil toneladas, recorde histórico e 7% acima da safra de 2022/23.

Além da produção de combustível, algumas indústrias do estado estão trabalhando em projetos do chamado BECCS, sigla em inglês para o sistema de captura e armazenamento de carbono da bioenergia.

Durante uma entrevista recente para apresentar os resultados da produção de etanol no estado, a Bioind MT pontuou que a Uisa, antiga Usina Itamarati, e a FS possuem projetos em andamento.

A Uisa já investiu aproximadamente R$ 20 milhões ao longo de 2023 para realização de estudos e levantamento de dados para viabilizar a iniciativa.

Já a FS espera colocar o projeto, que custou R$ 250 milhões, em funcionamento até 2025, em sua planta de Lucas do Rio Verde (MT). A ideia é capturar 400 mil toneladas de CO2 por ano.

Em visita recente à fábrica da FS, executivos disseram ao AgFeed que a empresa também começa a se movimentar para levar a tecnologia para sua planta em Sorriso.