Poucos produtos estão tão presentes na mesa do brasileiro quanto o ovo. Fonte de proteína animal mais acessível para a população, o país sempre foi um grande produtor e consumidor do produto.

Mesmo assim, os números de produção e consumo de ovos passaram por uma turbulência nos últimos dois anos. Agora, o presidente do Instituto Ovos Brasil, Edival Veras, tem uma expectativa bastante positiva para 2024.

Em entrevista ao AgFeed, Veras revela que o Brasil pode bater neste ano o recorde para este mercado.

“A expectativa para 2024 é produzir 56 bilhões de ovos e chegar ao recorde de consumo por habitante, com um número próximo de 260 unidades no ano”, diz o presidente da entidade que representa o mercado.

Se confirmado esse cenário, o crescimento seria expressivo em um ano. Em 2023, foram 52,5 bilhões de ovos produzidos, com um consumo per capita de 242 unidades. Em 2022, foram 52 bilhões de produção e consumo por habitante de 241 ovos.

Do ano passado para cá, Veras afirma que houve uma redução nos custos de produção, cenário oposto ao que aconteceu em 2022 e 2023.

Mas o próprio presidente admite que para atingir as marcas projetadas para este ano, o mercado precisa superar desafios.

“Continuaremos atentos à gripe aviária, que conseguimos evitar nas granjas comerciais em 2023. Além disso, o preço do milho também traz incertezas. Mas continuaremos trabalhando com outras entidades pecuárias para agir de acordo com as demandas do setor”, diz Veras.

O ano passado foi um dos melhores em rentabilidade para os produtores, segundo o Instituto. “Os custos haviam baixado um pouco e os preços estavam num bom patamar. Nossos principais desafios em 2023 foi a produção em menor escala”.

Sobre a ação do vírus Influenza nas aves brasileiras, Veras acredita que medidas de biosseguridade e trabalho preventivo vão ajudar a manter a doença longe das granjas comerciais.

“Nossa esperança é que a pressão sanitária mundial diminua e que tenhamos vacinas eficientes para que possamos controlar esse vírus e que não tenhamos mais produções afetadas ao redor do mundo”, afirma o presidente do Instituto.

Com o crescimento registrado nos últimos anos, a produção de ovos brasileira atende todo o mercado doméstico. “Em 2023, começamos um crescimento nas exportações. Mas os números ainda são tímidos”, diz Veras.

Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o Brasil exportou mais de 25 mil toneladas de ovos no ano passado, um crescimento de quase 170% em relação a 2022.

Em receitas, o avanço foi ainda mais acelerado, com crescimento superior a 180%, para mais de US$ 63 milhões. O Japão foi o maior comprador, superando as 10 mil toneladas, ou cerca de 40% de todos os ovos exportados pelo país.

Sobre os números, o presidente da ABPA, Ricardo Santin, destacou que os principais compradores dos ovos brasileiros são países com “elevados critérios sanitários”, o que ressalta a confiança nas práticas adotadas para manter o alto padrão de segurança do produto.

“Hoje, as exportações de ovos representam 1% do total produzido pelo Brasil, e geram receita importante para a sustentabilidade da cadeia produtiva, especialmente diante em um quadro de oscilações de custos”, diz Santin.

Na área de cuidados com as galinhas, Veras afirma que o setor tem trabalhado muito no melhoramento genético para melhorar a produtividade. “Vejo que as granjas, de forma geral, vem empregando muitas tecnologias para melhorar suas produções, diminuindo desperdício e perdas metabólicas”.

Outra tendência apontada pelo presidente do Instituto Ovos Brasil é a automação na produção de ovos. “Hoje, temos mais de 50% de toda produção brasileira com automação plena em coleta de ovos, distribuição de ração e água e coleta de esterco”, conta Veras.

Uma notícia importante que movimentou o mercado de ovos nas últimas semanas foi o suposto início de conversas para uma aquisição da Mantiqueira, uma das maiores produtoras do país, pela gigante JBS. A direção da Mantiqueira negou a informação e a JBS não se manifestou.

Veras não se pronunciou diretamente sobre a eventual negociação, mas classificou como natural o aumento do interesse pelo setor. “O ovo passou a ser um dos principais alimentos dos supermercados e é normal que empresas produtoras tenham interesse em produzir e aumentar seu portfólio”.