Quem trabalha com agropecuária sabe que o clima é a base da nossa atividade. Afinal, ele define se haverá ou não colheita, se o gado terá pastagem, se o alimento chegará na mesa.

Mas é muito mais do que isso. Eventos climáticos extremos como o ciclone visto no Rio Grande do Sul, no início de setembro, podem causar mortes, arrasar municípios inteiros, provocar prejuízos bilionários e até apagar uma parte da história, como no caso de localidades em que a enchente atingiu o patrimônio cultural.

Neste caso recente da tragédia gaúcha foram 48 mortes, quase mil pessoas feridas e 4,7mil desabrigados. São famílias que perderam entes queridos e bens materiais. Muitas perderam tudo o que tinham, inclusive a casa, porque a chuva levou.

O que nos dá esperança é que em meio a este desastre surgiu uma rede de solidariedade no Rio Grande do Sul, com produtores rurais de todos os perfis mobilizados pelo interior do estado para ajudarem uns aos outros. Ouvi o relato de diversos deles e foi muito emocionante.

Não posso deixar de citar o prejuízo financeiro também. Um relatório da Confederação Nacional dos Municípios (CMN) apontou perdas de mais de R$ 1 bilhão e 106 municípios com decreto de calamidade pública.

Foram milhares de animais mortos, lavouras destruídas e problemas de escoamento da produção, já que as estradas foram danificadas.

Os rebanhos tinham dificuldade de acessar as pastagens, muitas degradadas, que levam a formação de erosão e sulcos.

As lavouras de trigo, aveia branca e canola sofreram acamamento e as que estavam em fase de floração e início da formação de grãos foram as mais prejudicadas.

Tudo isso no estado que já havia sofrido com uma seca severa na última safra de verão, com grande prejuízo a agropecuária.

Neste final de setembro estamos lidando com mais um “alerta climático”, a onda de calor que assola a maior parte do país levando a recordes de temperatura no Sudeste e quase 50 graus no Centro-Oeste do Brasil, em pleno plantio da soja.

Nós, produtores rurais, já estamos cientes da importância da conservação do solo e da água e de sermos sustentáveis na maneira de produzir.

Mas a cada vez que um evento extremo como os citados aqui volta a ocorrer, mais do que nunca, é necessário lembrar que os produtores rurais fazem parte da solução.

É importante que sigam participando ativamente do processo de ajuste no campo, para que as melhores práticas agropecuárias, aquelas altamente alinhadas à sustentabilidade ambiental, sejam multiplicadas.

Cada um de nós pode ser a inspiração que o outro produtor rural precise. E assim vamos garantir uma colheita farta para todos, em mais uma rede de solidariedade, ainda mais ampla, que beneficia o planeta.