O desafio, de certa maneira imprevisível, são os eventos climáticos. Não se discute mais que virão, mas quando e quanto.
A previsão é de um futuro caracterizado por temperaturas crescentes, maior aridez e eventos climáticos mais extremos, como secas e inundações. As projeções indicam que essas mudanças se intensificarão ao longo do tempo.
A produção agrícola foi resiliente, fornecendo ao mundo, onde o Brasil é relevante, o alimento para a população.
Projeções indicam que a população mundial cresce. A demanda por alimentos exige evolução superior, minorando a fome ainda existente.
A responsabilidade no atendimento dessa demanda social é muito do Brasil, pois temos terras disponíveis, tecnologia, empreendedorismo e clima.
Isto é, com o clima atual! Será que estamos preparados para o clima do futuro?
Nas décadas passadas vivemos avanços tecnológicos e estruturais muito positivos. Hoje as possibilidades das ciências ôhmicas e da informação são evidentes.
A compreensão dos sistemas produtivos se amplia com uma visão interdisciplinar. Podemos dormir tranquilos?
Estudos recentes indicam que precisamos nos preocupar. A produtividade agropecuária é altamente dependente do clima.
Temperaturas excessivamente altas levam a dias de crescimento prejudicado. A precipitação pluviométrica reduzida afeta muito o crescimento dos vegetais.
Nascentes reduzem seus volumes chegando mesmo a secar. Até menos a água subterrânea, disponível para irrigação, fica prejudicada.
Já em 2017 começaram a aparecer os estudos como "Desafios da produção de frutas e hortaliças frente aos extremos climáticos"; depois, "Índices ambientais reduzem produtividade agrícola"; e, relacionados à pesquisa, “How Much R&D Is Necessary to Maintain the Food Supply”.
Como fica o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), um instrumento essencial de política agrícola e gestão de riscos na agricultura?
O produtor assumir esse risco majorado sozinho terá certamente reflexos. Desestabiliza os volumes e receitas. Caminhamos devagar no desenvolvimento de um seguro climático consistente.
A crise climática impõe pressão nos sistemas produtivos. Existe ciência disponível, agora é pesquisa e desenvolvimento de variedades e manejos.
A convite do Ministro Carlos Fávaro, participei de Grupo de Trabalho de Estudos Avançados de Aprimoramento do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA), em companhia dos ilustres colegas doutores Ana Celia Castro, Luís Carlos Guedes Pinto, Roberto Rodrigues e Silvio Crestana.
Após quatro meses de prazerosas reuniões, debates e muitas consultas entregamos nosso Relatório Executivo. Missão Cumprida.
Destacamos nosso otimismo com as possibilidades futuras. O significativo orçamento de recursos públicos destinados à Embrapa, a excelência dos pesquisadores nos 43 centros de pesquisa.
As linhas do relatório centraram-se em destacar a urgência em P&D. Nortear na permanente valorização dos servidores. Aumentar a motivação e a satisfação no trabalho. Manter canais de comunicação abertos e transparentes em todos os níveis da organização. Atuar na capacidade criativa desse patrimônio. A permanente valorização de cada membro da empresa, suas habilidades e contribuições.
As consultas realizadas junto a servidores indicaram uma série de problemas de natureza administrativa que prejudicam o funcionamento da empresa.
O processo de descentralização e desburocratização da gestão deve adotar medidas no sentido de delegação de responsabilidades para os servidores das unidades descentralizadas.
Verificou-se a existência de um excesso de concentração de poder na sede, que reduzem a criatividade, prejudicando os resultados.
O desafio está colocado. Motivação. Prioridade. Liderança.
Pedro de Camargo Neto é produtor rural, pecuarista e conselheiro de empresas do setor. Foi secretário de produção e comercialização do Ministério da Agricultura entre 2001 e 2002 e já foi presidente de importantes entidades do agronegócio.