O cooperativismo no agronegócio brasileiro alcançou resultados expressivos em 2024, consolidando-se como uma alternativa sólida e estratégica para os produtores rurais em meio a um cenário econômico desafiador.
Este avanço foi especialmente relevante diante da crise enfrentada por muitas revendas agrícolas, que sofreram grandes impactos financeiros, resultando em dois movimentos distintos no mercado: processos de recuperação judicial e o encerramento de atividades de diversas lojas.
De um lado, algumas revendas recorreram à RJ como forma de reestruturação, enquanto outras, diante da inviabilidade econômica, encerraram definitivamente suas operações, gerando um volume significativo de fechamentos em diferentes regiões do país.
Esse enfraquecimento abriu espaço para que as cooperativas ganhassem mercado, ampliando suas operações e fortalecendo o atendimento aos produtores rurais, tanto na comercialização de grãos quanto na oferta de insumos e maquinários.
Além disso, as cooperativas, com sua estrutura verticalizada e diversificada, conseguiram atravessar um ano economicamente desafiador, mantendo sua sustentabilidade financeira e ainda distribuindo sobras aos cooperados.
O cenário de 2024 evidenciou que as cooperativas não são apenas resilientes, mas também essenciais para a estabilidade do agronegócio.
Entretanto, 2025 se apresenta como um ano que trará desafios. Três questões principais devem ocupar o centro das atenções do setor.
Escassez de crédito e altas taxas de juros
O crédito agrícola, já limitado em 2024, deve permanecer escasso em 2025, agravado pelas altas taxas de juros. Esta combinação dificulta o acesso dos produtores a financiamentos, restringindo investimentos fundamentais para a produção, como insumos, maquinários e tecnologias.
As cooperativas, com sua capacidade de intermediar recursos e criar alternativas de crédito, terão um papel crucial em apoiar os cooperados e manter a atividade produtiva em alta.
Alto custo de produção agrícola
Os custos de produção, que já atingiram níveis preocupantes em 2024, devem continuar pressionando as margens dos produtores.
Fertilizantes, defensivos, combustíveis e outros insumos essenciais seguem com preços elevados, exigindo maior eficiência e inovação na gestão das propriedades.
Investir em tecnologia e otimizar o uso de recursos serão fatores determinantes para reduzir custos e melhorar a competitividade.
Endividamento dos produtores
Com custos elevados problemas com a produção e margens reduzidas, muitos produtores entraram em 2025 com dívidas acumuladas.
O alto índice de endividamento representa um dos maiores desafios para o setor, impactando diretamente a sustentabilidade de pequenos e médios produtores.
As cooperativas, mais uma vez, são um agente essencial, oferecendo suporte técnico, renegociação de dívidas e soluções financeiras para ajudar os cooperados a reestruturar suas operações e garantir sua permanência no mercado, lembrando que as cooperativas precisaram estar atentas a sua política de crédito para não assumir riscos desnecessários.
Produção e eficiência como caminhos para o sucesso
Apesar dos desafios, 2025 traz expectativas positivas, especialmente no que diz respeito à produção agrícola. A eficiência produtiva e as altas produtividades previstas para as próximas safras são os pilares que sustentam o otimismo no setor.
Afinal, no agro, não é apenas o preço das commodities que determina o sucesso, mas sim a combinação de tecnologia, eficiência e volumes colhidos.
As cooperativas, com sua estrutura robusta e capacidade de inovação, estão bem posicionadas para ajudar os cooperados a alcançar resultados expressivos, promovendo um ciclo virtuoso de crescimento e desenvolvimento no setor.
Por tudo isso, o ano de 2025 será um período desafiador para o agronegócio brasileiro, mas o cooperativismo tem mostrado que é possível transformar dificuldades em oportunidades.
Com foco na produção, na eficiência e no suporte ao produtor, as cooperativas têm todas as condições de continuar liderando o setor e consolidando sua importância como parceiras estratégicas no agro.
Que 2025 seja marcado não apenas pelos desafios, mas também pelas conquistas e pela resiliência do cooperativismo e de todo o agronegócio brasileiro.
Luciana Martins é administradora de empresas, com mestrado em Gestão Empresarial e Financeira pela FGV, diretora executiva do Grupo Conecta e conselheira na MPrado Cooperativas